domingo, 30 de abril de 2017

O Retrato de Dorian Gray (Edição Anotada e Sem Censura) + Dica de Filme + Projeto Literário: Penny Dreadful - Parte IV

Fotos do Livro.


Autor: Oscar Wilde.
Organizador: Nicholas Frankel. 
Tradução: Jorio Dauster. 
Editora: Globo / Biblioteca Azul.
Ano: 2013.

" O retrato de Dorian Gray (1891) é um anúncio do século XX e da modernidade, pelo qual Oscar Wilde pagou um preço caro - além de sofrer censura, viu sua obra-prima usada como "prova" contra si no processo de "flagrante indecência" que o levou a prisão.
    Nesta edição, Nicholas Frankel, organizador e autor das introduções e das notas, reconstitui o romance a partir do original datilografado - ou seja, eliminando todas as modificações que o livro sofreu até que chegasse ao público, e constrói pela primeira vez a versão que Wilde gostaria que estivéssemos lendo hoje.
   Essa espécie de mito de Fausto tornou-se um clássico da literatura mundial pelo refinamento da escrita e pela universalidade do tema. Com uma destreza de estilo ímpar, Wilde cria frases lapidares com um humor ácido e um olhar astuto, criticando ferrenhamente a hipocrisia de uma sociedade que passava por transformações muito rápidas."
   Resumo no Livro.



O que achei do Livro: 

   A primeira vez que eu li "O Retrato de Dorian Gray" foi numa edição da Abril, se não me engano, que a capa era toda verde e com um imenso pavão desenhado. Lembro-me que fiquei curiosa por causa do pavão e acabei levando pra casa para ler sobre o que diabos era aquele livro. Não me arrependi de ter lido e confesso que na época gostei mais dele do que do "Drácula de Bram Stoker". Ainda gosto dessa história, e achei bem diferente do que eu me lembrava de ter lido naquela época.
  
   Dorian Gray é descrito no livro como alguém muito lindo, ele era dotado de uma beleza e um poder de encantamento incomparável. É claro que também era muito ingênuo e deixava-se levar pelas ideias dos outros facilmente, principalmente de um homem com um humor peculiar que ele conhece mais para frente. Acontece que Dorian estava servindo de modelo para Basil, um pintor muito talentoso e que sofria de um amor platônico por ele. Quando Dorian voltou para a casa / ateliê de Basil para terminar a pintura do quadro, ele conhece Henry, um amigo do pintor. Henry que ficou encantado pela beleza do jovem rapaz, decide ser uma espécie de "tutor" para ele. Ou seja ele lhe ensinaria tudo o que sabia sobre a vida de verdade, algo com muitos excessos.  Basil alerta Dorian sobre as ideias exageradas de seu amigo, e lhe diz, com um toque de ciúmes, que era melhor ele se manter longe daquela má influência. Só que o nosso rapaz dourado não lhe dá ouvidos. E ao ver a sua imagem imortalizada naquela juventude e frescor, que permaneceria para sempre bela, fica horrorizado com a velhice que de uma forma ou de outra o encontrará. Nesse momento, enquanto encara firmemente o retrato ele deseja que sua alma envelheça na pintura enquanto ele permanece belo para sempre. (Vejam bem, ele apenas exprime esse desejo, ele não faz um ritual para o demônio ou qualquer coisa do tipo). 



   Dorian acaba aproximando-se muito de Henry, esquecendo sua amizade com o pintor. Ele começa a seguir os conselhos de Henry sobre praticamente tudo. Até que um dia o nosso jovem rapaz apaixona-se por um atriz de teatro. Um teatro de subúrbio. Quando Dorian conta para o amigo seu desejo de casar-se com Sybil  Vane, uma jovem mulher talentosa que conhecera e por quem se apaixonou perdidamente, Henry decidi estragar a alegria do rapaz com seus comentários desnecessários. Ao levar Basil e Henry ao teatro para ver a atuação da bela Sybil, Dorian não imaginava que passaria tamanha vergonha. O talento da jovem acabou quando ela se apaixonou por ele. E sem o talento para atuar de Sybil, o "amor" que ele sentia acabou. Depois de ouvir os gracejos dos amigos e de ver as pessoas indo embora por causa da péssima atuação de Vane, Dorian acaba com o romance entre o dois de forma cruel, deixando a pobre garota chorando e com o coração partido. Ao voltar para casa percebe que o seu retrato se modificara e que agora seu duplo exibia uma face cruel. 

   Esse é o primeiro de muitos desvios de caráter que Dorian Gray terá, ele arruinará pessoas e corações para sempre, buscará viver nos excessos da vida e sempre compartilhará tudo o que é, ou quase tudo, com seu amigo Henry. 

   O que fica bem claro nessa obra, ao menos pra mim, é como Henry sempre busca desvirtuar Dorian, ele faz com que o jovem tome atitudes que ele mesmo, Henry, nunca tomaria. Não sabemos se por ciúmes ou por maldade, mas é como se ele quisesse transformar o inocente rapaz que conheceu no estúdio de Basil num monstro, porque assim Dorian seria só dele. Além de que as piores frases machistas nesse livro são todas de Henry, ele deprecia a mulher o tempo todo, dizendo que o corpo era sempre o mais importante e que elas não serviam para assuntos intelectuais, entre outras coisas. Foi o personagem que eu mais odiei nos últimos meses.



   Nessa versão sem censura fica mais claro as partes homoeróticas do livro, sabemos quando eles tiveram um caso ou um amor platônico, como no caso de Basil. Conhecemos alguns dos amantes de Dorian Gray, tanto homens quanto mulheres. E é claro conhecemos a devassidão da alma desse jovem rapaz. 

   Recomendo muito essa história, principalmente essa versão, porque tem bastante notas introdutórias importantes para nos situar em tempo e espaço quando ela foi escrita e lançada. Além de notas comentadas sobre muitos assuntos ligadas ao texto. E acreditem em mim, são muitas notas. A edição é em capa dura, com uma ótima diagramação e também ilustrada. Vale a pena. 


DICA DE FILME:

Foto: Cena do Filme.


Filme: O Retrato de Dorian Gray.
Direção: Oliver Parker.
Ano: 2011.

   Esse filme é aquele que tem o Ben Barnes, para quem quer saber qual das versões estou citando. Vou indicar esse filme para vocês por causa do personagem Henry, aqui nesse filme, nós conseguimos captar a influência que ele tem sobre Dorian. Acredito que ele foi o melhor no filme. Apesar de gostar muito do Ben Barnes, esse não foi seu melhor trabalho. 


PROJETO LITERÁRIO: PENNY DREADFUL:


Fotos da Série: Penny Dreadful.


   Não tem como não citar a série Penny Dreadful sem lembrar de Dorian Gray. De todos os filmes que eu assisti sobre esse personagem, foi nessa série que eu consegui olhar pro ator e dizer: Sim, esse é perfeito para o papel. Não por ser lindo demais, mas pelo charme inconfundível. Pelo ar de mistério que ele emite, pela atuação formidável dele. É claro que aqui não temos Henry, nem Basil, esse é o passado de Dorian, estamos no presente dele, na sua vida em Londres, onde ele sabe o poder que aquele quadro diabólico exerce na sua vida. Onde ele absorve toda e qualquer vida que puder. Sem contar que a série conseguiu captar aquela sensação de "presente-futuro" nesse personagem, ele é aquele ser sempre a frente de seu tempo. 



   Temos que entender que Dorian Gray é um homem que chama a atenção de qualquer pessoa por onde passar. Ele seduz e destrói quando quiser e da forma que quiser. O jovem e belo Gray gosta de desafios e de mistérios, isso fica bem evidente na série, principalmente quando ele conhece Vanessa Ives numa festa. E quem assistiu essa série sabe que não há mistério maior em Londres do que essa mulher.



   É claro que Dorian Gray mantém seu segredo escondido de todos e flerta descaradamente com quem lhe despertar o interesse. Uma das melhores personagens da série: Angelique, uma personagem trans, apaixona-se pelo jovem rapaz. E eles têm um dos melhores romances da série na minha opinião. É claro que nada acaba bem para quem se envolve com ele. Apenas ele foi feito para durar. 


P.S.: Essa série também capta todo o lado exótico dele também, como sua apreciação de flores exóticas, anéis e festas. 

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