sexta-feira, 26 de maio de 2017

A Mão Esquerda da Escuridão

Foto do Livro.


Autora: Ursula K. Le Guin.
Tradução: Susana Alexandria.
Editora: Aleph. 
Ano: 2008.

" Genly é um estranho vivendo em outro mundo. Sua missão é convencer as pessoas desse lugar a se unirem a uma grande comunidade universal. Mas há muitas diferenças. São outros costumes. Outras lendas. Outras percepções.
   Genly está numa terra única, na qual homens e mulheres existem juntos, dentro de cada indivíduo. Onde qualquer um pode ter filhos, pode ser pai e pode ser mãe.
   No gelado  mundo chamado Inverno, ele terá de esquecer tudo o que sbaia até agora e começar uma jornada de conhecimento, tolerância e descoberta. 
    E desvendar os significados da mão esquerda da escuridão."
    Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Por eu ter lido e visto muitas resenhas não tão boas assim sobre esse livro, estava com os meus dois pés atrás quando o peguei emprestado na biblioteca. Porque assim se eu não gostasse, não compraria e seria o fim. Mas depois de terminar de ler essa história, eu a coloco ali do ladinho do meu querido "Duna" de Frank Herbert. Não dizendo que são histórias iguais, são gritantemente diferentes. Trazem mundos novos, além de ideias de governos estranhas num primeiro momento enquanto estamos engatinhando nesse mundo do qual nunca ouvimos falar. Terei agora que garimpar os sebos da cidade atrás de uma edição desse livro pra mim. Ursula tem agora um cantinho especial no meu coração. (P.S.: Tem uma notinha do Frank, no livro, sobre essa história da Ursula. Ou seja, amamos simplesmente.)

   Quando lemos sobre um mundo totalmente novo, ficamos completamente perdidos, mas se o personagem principal está quase no mesmo pé que a gente, ficamos confortáveis para acompanhá-lo nessa jornada. Genly Ai é um "alienígena" no mundo de Inverno. Ele está ali numa missão maior, ou seja ele quer que esse mundo se alie com o Ekumen, uma espécie de "ONU", que serve para coordenar e conciliar os planetas, não só no comércio, mas em qualquer dificuldade da qual eles não consigam sair de maneira satisfatória para todos os envolvidos. O problema maior de Genly é convencer esses povos de que essa união será benéfica para todos. O que ele não contava é que o Rei desse lugar era movido pelo "medo" e não estava tão convencido assim de que Genly era o que dizia ser. Seu único aliado nesse mundo é o Primeiro-Ministro Estraven. Alguém que ele sequer confiava totalmente, alguém obscuro.

   A primeira coisa que vocês têm que saber sobre Inverno, é que a população é toda assexuada, ou seja eles não tem um sexo específico, podem ser mulher/homem ou homem/mulher. São todos andróginos, eles só tendem para um sexo específico quando ficam no "cio", então um torna-se masculino e o outro feminino para consumar o ato. Por não terem um sexo específico alguém considerado "homem", durante a história pode sim engravidar. É um lugar onde não há estupros, nem sexo forçado. Eles ficam mais sensíveis e buscam um parceiro somente nesse período. Agora imaginam o horror deles ao saber que Genly não só é um ser vindo do espaço, no caso da Terra, como um "pervertido", já que ele sempre está no "cio", sempre é homem. As pessoas estranham e acabam ficando curiosa com ele. Mas isso não significa que sua missão será fácil. O caminho de Genly torna-se tortuoso e inseguro. E ele terá que confiar em Estraven para salvar não só sua missão, como também sua vida. 

    Esse livro é cheio de diálogos sensacionais, há também partes com lendas sobre o mundo Inverno e é narrado por Genly e também por Estraven. Pode parecer confuso no início, mas depois vocês vão se acostumar. Recomendo.

Tripulação de Esqueletos

Foto do Livro.


Autor: Stephen King.
Tradução: Louisa Ibañez.
Editora: Objetiva / Suma de Letras.
Ano: 2013.

" Nesta aterrorizante coletânea de contos, Stephen King nos mostra mais uma vez por que é um dos mais aclamados escritores da atualidade. Um contador de histórias por excelência, aqui ele revela o amplo leque de suas habilidades, transitando com desenvoltura pelo pavor causado por criaturas abomináveis e por um terror psicológico de gelar o sangue.
   Em 'O Nevoeiro', conto mais longo, uma misteriosa e espessa neblina se aproxima de uma cidadezinha do Maine, trazendo perigos que desafiam a razão humana. Pai e filho precisam enfrentar seus mais sombrios medos na esperança de que esse tormento tenha fim. No entanto, na insana luta por sobrevivência, os personagens perceberão que ficar na rua em meio às estranhas criaturas pode ser tão perigoso quanto ficar em um cômodo fechado com pessoas desconhecidas.
   Na prosa de Stephen King, os protagonistas se veem forçados a lidar com situações fantásticas em que o que está em jogo é a sanidade diante do inimaginável. Onde termina o pesadelo e começa a realidade? Até que ponto a mente humana pode suportar o terror? Embarque nesta jornada com Stephen King e descubra."
   Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Devo dizer que tenho dificuldades em ler livros de contos, não porque não gosto deles. Gosto. Mas porque na maioria das vezes eu acho boa parte bem "ok" e o resto interessante. E qual não foi minha surpresa a amar esse livro de contos do King? Eu esperava gostar de alguns, mas não esperava gostar de praticamente todos. Então agora tenho que comprar a minha edição desse livro pra colocar na estante, já que essa que eu li é da Biblioteca.

   O conto que me levou a pegar esse livro pra ler, foi "O Nevoeiro", primeiro porque eu amo o filme baseado nele, e segundo porque queria saber se a maldita mulher que ficava pregando no supermercado também existia no livro. E acreditem, a bruxa velha existe e é bem pior! É claro que há algumas diferenças entre filme e livro, mas os dois são excelentes. E sim, eu preferi o final do conto. 

   Quem nunca teve pavor de um brinquedo que achou ou ganhou, não sabe como é sobreviver em casa fugindo do dito cujo, sem que ninguém perceba que você está apavorado com uma coisa supostamente "inanimada". Em "O Macaco", Hal Shelburn está apavorado com um brinquedo que achou na infância. Um macaquinho que é capaz de enlouquecer quem for seu dono. E que será capaz de matar só com uma batida dos seus "pratos". Agora Hal precisa livrar sua família desse mal. 

   Agora um dos contos mais amorzinho e que me deixou querendo um livro só dele, sim, mas acho que só eu compraria, é "O Atalho da Sra. Todd". Quando vi esse conto, não dei nada por ele. Mas quanto mais eu lia, mais apaixonada ficava. Pense em uma mulher que ama e conhece cada atalho de estradas não conhecidas por ninguém, só para não perder tempo com isso. E que a cada curva sente seu verdadeiro "Eu" florescer. (Leiam).

   "A Excursão", na minha opinião é o conto mais com cara de ficção científica do livro todo. E se você pudesse ir para Marte em questão de segundos/minutos através de teletransporte? Mas para isso teria que estar sedado e confiar no pessoal do governo para uma travessia segura?

  "O Processador de Palavras dos Deuses" é o típico conto que faz você ficar com medo das coisas que deseja para si. E se você tivesse uma máquina que tiraria ou traria o que você mais desejasse só utilizando poucas palavras?

   Um dos contos nesse livro me lembrou muito H.P. Lovecraft, de uma maneira muito boa. Chama-se "O Homem que não apertava mãos", e tratasse de um sujeito estranho que sofre uma maldição e torna-se um pária na sociedade. Qual a maldição dele? Descubra lendo.

  Quem nunca teve pavor de alguma pessoa estranha na família, não sabe o terror que o garotinho tem pela sua avó materna, no conto "Vovó". A mulher velha que tem acessos seria alguma coisa ruim? Ele ficaria a salvo até sua mãe voltar para casa? 

   E tem muito mais, é claro que tem uma nota no final do livro escrita pelo Stephen contando onde surgiu algumas ideias para alguns contos. Gostei bastante de ter lido e recomendo.


quarta-feira, 24 de maio de 2017

O Talentoso Ripley

Foto do Livro.


Autora: Patricia Highsmith.
Tradução: Alvaro Hattnher.
Editora: Companhia das Letras.
Ano: 2012.

" Tom Ripley sobrevive de trambiques em Nova York. Certo dia, o milionário senhor Greenleaf o procura, supondo que seja um grande amigo de seu filho Dickie. Greenleaf lhe oferece uma viagem à Europa para tentar trazer Dickie de volta aos Estados Unidos -  o rapaz leva uma vida mansa no litoral italiano, longe da família. Na Itália, Ripley desenvolve uma relação doentia e sedutora com Dickie, que passa então a rejeitá-lo. Acuado, Ripley reage de forma imprevisível. O talentoso Ripley (1955) é um clássico da literatura policial. O livro ganhou duas versões para o cinema: com Alain Delon, em 1959, e com Matt Damon, em 1999."
   Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Meu pai ama esse filme, mas pergunta se já o assisti? Não, não mesmo. Isso porque eu nunca gostei da capa do dvd, mas algum dia assistirei e lhes contarei se meu preconceito com a imagem do dvd foi tolo o suficiente. Eu sempre fiquei curiosa sobre a história, e então peguei esse livro emprestado da Biblioteca Pública aqui de São Paulo.  E confesso que gostei bastante, não sei se vou ler as continuações, mas se eu decidir ler, aposte em resenhas por aqui. 

   Tom Ripley é um vigarista, ele gosta de conseguir as coisas de maneira fácil, mesmo que precise quebrar as leis pra isso. Ele só não conta com a paranoia que ele desenvolveu por causa desses "pequenos" crimes. Ao descobrir que está sendo seguido por um senhor, Ripley logo imagina que ele está ali para prendê-lo, e ele nem tivera tempo de descontar os cheques roubados! Mas o que acontece é bem mais surpreendente, o milionário Greenleaf, pensa que Tom é um amigo próximo de seu único filho e herdeiro, e ele quer que o jovem rapaz vá para a Itália e convença Dickie, seu garoto, a voltar para casa. Já que a mãe dele estava doente, e Dickie nunca ia conseguir coisa alguma pintando quadros sem graça tão longe. Ele tinha um negócio para aprender. Tom logo percebe sua sorte grande quando o homem lhe oferece uma viagem e tudo pago para a Europa, com a única missão de recuperar o tolo de seu filho. 

   Se tem uma coisa que Tom é bom, é em enrolar e confundir as pessoas. Ele sempre consegue tirar proveito de qualquer coisa que lhe favoreça. Principalmente se houver dinheiro fácil envolvido. Ripley vai em busca de Dickie, ele só não contava com a rejeição do mesmo, nem em ter que conviver com Marge, uma amiga bem próxima do rapaz. E ele ainda ficou abismado em como eles eram ligeiramente parecidos. Sabendo que perderia sua chance de se aproximar de Dickie, Tom resolve contar a verdade pra ele sobre o porque dele estar ali na Itália. E o impressionante é que ele consegue convencê-lo e ser convidado para morar com ele na sua casa, assim eles poderiam se aproveitar do dinheiro do velho. Tom só não contava com Marge o tempo todo por perto, nem que ele teria verdadeira aversão por essa mulher. Afinal, quem ela achava que era para sufocar Dickie dessa forma? Dickie que seria bem melhor sem ela! Afinal ele estava ali.

   Tom e Dickie tem um relacionamento estranho, não dá parte de Dickie, mas da parte de Tom, Ripley começa a ter um forte sentimento de posse sobre o recente amigo. E ele fará de tudo para tê-lo só para si e talvez Dickie divida seu dinheiro com ele. 

   Recomendo muito esse livro, principalmente para vocês descobrirem a podridão que é a alma de Tom Ripley. 

As Crônicas Marcianas

Fotos do Livro.


Autor: Ray Bradbury.
Tradução: Ana Ban.
Editora: Globo.
Ano: 2006.

" Publicado em 1954, As Crônicas Marcianas é uma antevisão crítica dos paradoxos do velho desejo humano de conquistar o espaço. Depois que Marte é subjugado e colonizado, passamos a conhecer nossas limitações para a dominação do outro - os marcianos -, e a repetição problemática de nossas próprias contradições."
   Resumo no Livro.



O que eu achei do Livro:

   Gosto muito do jeito que Ray Bradbury escrevia, ele consegue ser engraçado sem forçar a barra, e as histórias dele são maravilhosas. Eu gostei muito dos contos contidos em "Os frutos dourados do sol", e amei muito também essas crônicas sobre Marte. Alguns eu gostei mais, outros menos, mas não achei nenhum ruim. Não vejo a hora de ler mais algum livro dele. Não assisti nenhum filme baseado nessa obra, mas caso eu assista conto tudo pra vocês por aqui.

   Vamos acompanhar desde a primeira excursão para Marte até sua completa colonização, o que equivale os anos de 1999 até 2026. Tudo de uma forma cronológica. É claro que os habitantes desse planeta conseguem se livrar dos primeiros foguetes, mas conforme as coisas dão errado para os terrestres, mais eles se empenham em descobrir um meio de fincar raízes lá. Há também nesse livro muita crítica, não só a sociedade, mas também a forma de governo. E vocês vão amar, ou não. Eu amei. 

   Um dos "contos" mais fofinhos e tristes pra caramba do livro está bem no começo e chama-se "Ylla", temos nesse conto um casal de marcianos, que já tem aquele tipo de casamento desgastado, além de que o homem nessa relação acha que somente ele pode ter direito a tudo, sua esposa que tem que viver para ele. E quando ela começa a se distrair falando sobre um homem de aparência estranha que vinha visitá-la em um foguete, seu marido arma uma emboscada para acabar com a felicidade dela.

   Um "conto" divertido e também assustador é "Os homens da Terra", quando a segunda expedição de homens vindos da Terra chega a Marte, eles se deparam com o desdém da população. Ninguém está comemorando como eles achavam que iam, e na verdade as pessoas nem estão dispostas a recebê-los com a pompa que eles acham que merecem. 

   Outro maravilhoso é "A Terceira Expedição", dessa vez os homens da Terra se deparam com uma cidadezinha bem americana situada em Marte, mas isso era impossível, já que eles não haviam fixado residência ali. Na verdade as outras expedições falharam totalmente. O que seria aquele lugar? Uma volta ao passado? Teriam voltado pra Terra sem perceber?

  Agora a minha favorita é "Usher II", quando li o nome desse conto já pensei em Poe, e devo confessar pra vocês que não estava nada errada sobre isso. Um homem estranho vindo da Terra pede que construam para si uma casa igual a descrita no conto de Edgar Allan Poe, só que em Marte. Ele queria tudo, até aquela atmosfera sombria que envolvia o local. Gastando milhões de dólares esse homem consegue essa proeza, mas ele agora terá que convencer o governo a não destruí-la já que tudo o que é baseado em literatura é proibido desde que queimaram os livros na Terra. 
   Essa história é maravilhosa, e coloca vários contos de Edgar tudo reunido em um único e degradado lugar. Recomendo muito. 

   E tem muito mais. Leiam.

Carmilla: A vampira de Karnstein + Dica de Filme:

Fotos do Livro.


Autor: Sheridan Le Fanu.
Tradução: José Roberto O´Shea. 
Introdução: Alexander M. da Silva.
Editora: Hedra.
Ano: 2010.

" Publicado originalmente na revista Dark Blue, em forma de folhetim, de 1871 a 1872, Carmilla é uma das mais célebres histórias de vampiro da língua inglesa e a primeira protagonizada por uma vampira. A densa atmosfera gótica dessa novela e o erotismo subjacente marcaram época e influenciaram toda a literatura vampírica posterior, sendo considerada a principal fonte de inspiração para o Drácula de Bram Stoker. A maestria de Le Fanu na reelaboração do mito, com base em suas pesquisas da tradição folclórica do leste europeu, fizeram de Carmilla uma das novelas góticas de horror mais populares do século XIX. O leitor conta neste volume com a primeira tradução integral e anotada, além de uma alentada introdução que revela não apenas a gênese desta obra mas as origens do vampiro na cultura popular e seus desdobramentos como personagem literária."
   Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Bom, eu sempre ouvi falar sobre Carmilla, a vampira que consegue se transformar em um gato e que é lésbica. Mas eu nunca tinha lido o livro, há alguns meses eu assisti ao filme "The Vampire Lovers", primeiro filme de uma Trilogia baseada nesse romance de Le Fanu, produzida pela Hammer. Gostei muito do filme, principalmente porque eu gosto da atriz Ingrid Pitt, que interpreta a jovem vampira Carmilla. Por ficar curiosa sobre essa história comprei o livro e confesso que gostei bastante, principalmente porque contém uma introdução maravilhosa sobre a obra na primeira parte do livro. 



   Quem nos conta a história de Carmilla é uma mulher que sobreviveu as investidas dessa vampira, e que vai nos relatar como tudo se sucedeu durante esse tempo em que ela, seu pai e suas "tutoras" viveram com uma bela e estranha jovem mulher por algum tempo enquanto a mãe da mesma resolve um problema em algum lugar desconhecido por eles. 

   A jovem Laura e seu pai esperavam pela visita do general Spielsdorf e de sua sobrinha, mademoiselle Rheinfeldt para passar uma temporada com eles. Mas uma tragédia acontece e a jovem sobrinha morre de maneira estranha, e o general fica destroçado já que considerava-a como uma filha querida. Laura fica triste já que não teria ninguém para dividir seus dias com uma amiga, e uma tristeza imensa povoa toda a família naquele casarão imenso. E continuaria assim se uma estranha cena não acontecesse: uma carruagem estava sendo guiada velozmente por cavalos muito assutados. O pior acontece e a carruagem tomba num trecho da estrada, deixando todos muito assustados com essa tragédia. Enquanto alguns homens tentam controlar os cavalos, uma senhora e uma jovem em estado de choque conseguem sair de dentro da carruagem. O pai de Laura está prestando apoio as vítimas, e para a sua surpresa a mulher mais velha pede que eles abriguem a jovem em sua casa, porque ela precisaria seguir viagem já que se tratava de um assunto de vida ou morte. E com o desastre que havia acontecido ela não podia levá-la consigo. Laura implora ao pai para que a deixe cuidar da moça, já que ela parecia bem necessitada disso. E assim ela também teria companhia durante um tempo. 

   A jovem chamada Carmilla, além de ser de saúde "frágil" como sugeriu sua mãe, tinha também alguns hábitos estranhos, como: não conseguir dormir se não pudesse trancar a porta de seu quarto, ou de dizer frases apaixonadas para Laura sempre que podia. Frases estranhas. Além de mudar de humor drasticamente e às vezes por motivos bobos. Essas duas moças terão uma amizade bem peculiar; e com mortes de jovens mulheres ocorrendo no vilarejo próximo, uma aura de medo começa a rondar essa família.

   Gostei muito dessa história, amei todas as notas, eu não esperava que houvesse nenhuma, já que é uma edição de bolso. Tem muita coisa na história da Carmilla que lembra alguns momentos em Drácula, vemos aqui uma fonte de inspiração para a história do Conde. Principalmente a caçada a "tumba" de Carmilla para destruí-la, lembra muito quando os homens se reúnem para emboscar Lucy em Drácula. Recomendo a leitura, é um livro rápido de ler e você pode levá-lo pra onde quiser porque é pequeno e leve.  

DICA DE FILME:

Filme: The Vampire Lovers.
Direção: Roy Ward Baker.
Ano: 1970.

Foto: Cena do Filme.


   Considero esse filme particularmente bem fiel à obra, com aquele jeitão da Hammer fazer. Temos nesse filme a história de Carmilla, sem deixar de lado o erotismo presente nessa personagem. O filme 2 e 3 eu ainda não assisti, mas se for tão bem feito quanto o primeiro recomendo que assistam também.


terça-feira, 16 de maio de 2017

Escuridão Total Sem Estrelas

Fotos do Livro.


Autor: Stephen King.
Tradução: Viviane Diniz.
Editora: Objetiva / Suma de Letras.
Ano: 2015.

" Na ausência da luz, o mundo assume formas sombrias, distorcidas, tenebrosas. Os crimes parecem inevitáveis; as punições, insuportáveis; as cumplicidades, misteriosas. Os personagens destes quatro contos passam por momentos de escuridão total, quando não existe nada - bom senso, piedade, justiça ou estrelas - para guiá-los. Suas histórias representam o modo como lidamos com o mundo e como o mundo lida conosco. São narrativas fortes e, cada uma a seu modo, profundamente chocantes."
   Resumo no Livro.



O que eu achei do livro:

   Eu não leria esse livro tão cedo, principalmente pelo preço de capa dele, mas um amigo me emprestou e eu o li, até que rápido. Não é meu livro de contos favoritos do Stephen King, ainda gosto mais do livro "Pesadelos e Paisagens Noturnas", mas confesso que foi um dos livros que mais me incomodou ao ler, principalmente porque aquelas pessoas fictícias se parecem com as pessoas que convivemos diariamente. O limite de bondade e maldade é bem tênue. E confesso que muitas vezes ao assistirmos ao noticiário crimes piores do que estão contidos nesse livro são relatados. Então se você, meu amigo, vai ler essa obra, se prepare para descrições muito fortes. 

   No primeiro conto "1992" um agricultor teimoso cisma em ter e administrar as terras que a sua mulher ganhou de herança, mesmo sabendo que ela não queria mais viver ali naquela "fazenda" e preferisse abrir uma loja e morar na cidade. Esse desejo de poder que ele tem, faz com que o amor que ele julgava sentir pela esposa tornar-se ódio. E um ódio brutal, Tão brutal que ele vai convencer o próprio filho que a mãe dele merece morrer. Que isso seria justiça. 
   P.S.: Ah, esse conto me embrulhou o estômago diversas vezes, e se você tem pavor de ratos, cuidado ao lê-lo. E há muita cena de violência gratuita. 

    No segundo conto "Gigante ao Volante" uma escritora policial é vítima de abuso sexual ao voltar para casa por uma dica de "atalho" dada por uma bibliotecária. Quando o agressor julga que a matou, a deixa dentro de um "cano" e foge dali. Quando ela tem certeza de que ele foi embora, e depois de encontrar outros corpos de mulheres naquele lugar, Tess volta ao local do abuso para recuperar suas roupas e sair andando sem rumo até conseguir voltar pra casa. Ela irá relatar o abuso as autoridades ou vai se vingar da forma que puder para voltar a ser ela mesma? Isso vocês vão descobrir lendo.
   P.S.: No começo confesso que achei tudo meio bagunçado, mas conforme a leitura foi fluindo foi ficando melhor de ler. Achei o conto bem estranho e não acreditei em boa parte da trama, mas fluiu bem. 

   No terceiro conto "Extensão Justa" um homem com câncer terminal encontra um vendedor disposto a lhe conceder uma extensão de vida, desde que ele passe o "seu mal" para alguém que odeia. E para viver e porque não se vingar, Dave pede para que seu mal passe para seu amigo de infância. Ele tinha tudo o que Dave nunca teve, incluindo uma mulher que ele namorava na adolescência. E agora as coisas iam mudar.
   P.S.: É o menor conto do livro, mas o mais cruel, porque Dave não tem dó do amigo e da família desse cara, ele quer assistir a destruição até o final. 

   E finalmente no quarto e último conto "Um bom casamento", as coisas ficam feias em um casamento de 27 anos quando a mulher desconfia que seu carinhoso marido tem um terrível segredo. E que esse segredo pode acabar com toda a sua família.
   P.S.: Gostei desse conto, e fiquei chocada com o segredo desse cara. Foi um dos melhores na minha opinião.

P.P.S.: No final do livro Stephen King nos conta um pouco sobre o processo criativo desse livro. 


quarta-feira, 10 de maio de 2017

4/4

Foto do Filme: O Último Capítulo.


Autora: Ana Paula Damasceno de Aguiar.

  
   A criatura estava largada em um canto do quarto. Deitada em posição fetal, com os olhos abertos e vidrados em lugar algum. Não havia sentimentos, muito menos emoção, era um recipiente de nada. Sentia o tecido macio cobrindo boa parte de sua pele, sentia uma onda de calor chegando em ondas e atravessando suas células. Teria células ainda? Não sabia, não sabia se essa onda de calor seria a loucura chegando e a inundando de incertezas. Sua respiração estava normal e harmonizava com o canto diurno das aves que ela escutava ao longe. Asas. Queria ter asas. Para fugir? Para viver de verdade? Para ver todas as formas da natureza e da destruição do homem se mesclarem num borrão meio escuro enquanto o vento forte a levava embora? Retorceu-se no monte macio onde estava, sentiu o tecido fixasse em seu pescoço, mas não se movimentou para tirá-lo. Estava cansada, cansada das engrenagens dentro dela, a obrigando a viver numa eterna repetição de tarefas bobas. Um grito de uma das aves ecoou pelo quarto escuro, a onda de calor moveu-se ao seu lado. Sentiu seu corpo erguendo-se, mesmo que sua mente estivesse dispersa demais para ordenar tal movimento. O tecido que a cobria, como se fosse uma camada mais grossa de sua pele, amontou-se a sua volta. Levantou-se. 

   Seus pés se arrastaram até as cortinas da enorme janela de madeira, suas mãos deslizaram pelo tecido áspero e o tirou do caminho da luz. O sol a saudou. Olhou para o amontoado de casas ao redor da sua, estendeu a mão em um cumprimento para o vizinho que sorria pra ela. Ordenou ao seu cérebro que movesse a sua boca num sorriso gentil, mas não conseguiu. Abaixou a mão e a deixou caída ao lado de seu corpo. O despertador rugiu, a onda de calor ficou mais forte. Acordando, a enchendo de sua presença. Virou-se e dessa vez as engrenagens torceram-se dentro de si, tossiu para recuperar a força de sua voz. Conseguiu.

   -Bom dia, vou descer para preparar o café. - a onda de calor a encarou sorrindo. Moveu seus pés e as engrenagens dentro dela, moveram-se com facilidade. 


quinta-feira, 4 de maio de 2017

Ruptura

Foto: Cena do Seriado: True Blood.


Autora: Ana Paula Damasceno de Aguiar.



   Eu disse Adeus, mal acreditando que aquela palavra de rompimento partia de mim. Saiu rápido, meio sussurro, meio estrangulamento. Ainda me lembro da minha boca seca enquanto meus olhos transbordavam. Tudo o que eu era estava resumido naquela palavra simples. Todas as noites em que não dormi, as enxaquecas gritantes na escuridão do quarto, aquela dor conhecida que tomava meu corpo todo desapareceram. 

    Estava cansada das desculpas de última hora ou dos beijos rápidos. Cansada de encarar olhos que não me refletiam. Eu cresci ali... naquele segundo de absoluta certeza. Me senti inteira de novo, o que eu havia lhe doado, recuperei. Eu não era mais a mesma mulher, nunca mais seria. Tornei-me outra ali, enquanto você me virava as costas pronto para partir. 

    Senti novamente o ar que me faltava naquelas noites em que eu pressionava meu rosto na dobra do travesseiro, chorando por alguém que nunca me viu. Quando escutei o silêncio da casa, recuperei meu Eu.