segunda-feira, 26 de junho de 2017

A Assombração da Casa da Colina

Foto do Livro.


Autora: Shirley Jackson.
Tradução: Edna Jansen de Mello.
Editora: Francisco Alves.
Ano: 1959.

" 'Nenhum ser vivo consegue viver durante muito tempo sob condições de realidade absoluta, sem perder a sanidade' -são as primeiras palavras de A Assombração da Casa da Colina, cujo parágrafo inicial é reconhecidamente um dos mais belos começos de romance da moderna ficção norte-americana. Mas não só o começo; todo o livro é marcado por essa extraordinária qualidade literária que Shirley Jackson soube imprimir à sua obra. Foi este romance, e os contos magistrais de A Loteria (o conto-título é uma das mais terríveis histórias jamais escritas), que projetaram o nome da escritora, colocando-a na galeria dos mestres inesquecíveis do gênero, dentro da tradição de Hawthorne, Poe, Bierce e Lovecraft.
   A Assombração da Casa da Colina foge aos padrões das histórias convencionais de fantasmas e velhas mansões. O medo é instilado em gotas, o horror é construído lentamente, numa atmosfera de sobrenatural que Shirley Jackson vai tomando cada vez mais densa, até o desfecho.
   A própria Casa da Colina é um mistério. As pessoas que a alugavam, atraídas por sua imponência e a beleza do lugar, abandonavam-na poucos dias depois, recusando-se a dar as razões da fuga precipitada. Para o povo da região, era simplesmente uma casa assombrada, com histórias apavorantes. Fora construída há oitenta anos e sentia-se, a Casa da Colina, sólida o bastante para durar mais oitenta, longe da realidade absoluta.
   Até o dia em que quatro pessoas se alojam na velha mansão, dispostas a enfrentar todos os riscos a fim de descobrir a verdade. Se existe assombração, que ela se manifeste. A resposta não tarda."
   Resumo no Livro.

O que eu achei do livro:

   Quando achei esse livro na Biblioteca, já peguei emprestado na hora. Nunca tinha lido nada dessa autora, mas já havia escutado comentários bem elogiosos sobre a obra dela. A editora Suma de Letras vai lançar um livro da Shirley ainda esse ano e eu não vejo a hora de lê-lo. É claro que há coisas que eu amei e coisas que eu achei bem entediante nesse livro, vou relatá-las para vocês.

   A maneira como a Shirley escrevia é maravilhosa, a leitura flui muito fácil, as descrições das paisagens são bem feitas e os personagens únicos. E uma coisa que eu não esperava, mas que me foi agradável, foi a forma descontraída com  que a autora criou os diálogos entre os personagens. Chega a ser hilário no começo, torna-se um pouco entendiante durante o correr da narrativa, porque alguns diálogos quebram o foco sobrenatural que é o tema central da história. 

   Nessa Casa da Colina, abandonada há oitenta anos por motivos que ninguém quer falar, vai acontecer uma "pesquisa" sobre a aura sobrenatural que ronda a mansão. Quatro pessoas vão permanecer por três meses nesse lugar e fazer anotações sobre tudo o que ver, sentir ou vier a fazer sob a influência maligna do lugar. Eles são: o Dr. Montague, Eleanor Vance, Theodora e Luke Sanderson. Quatro pessoas muito diferentes, mas que de início formam um bom grupo. Tirando o casal de caseiros, que são muito mau humorados e que nunca permanecem na casa depois que escurece. De todas essas pessoas, a mais sensível e posso dizer, a personagem principal dessa história é a Eleanor Vance, uma mulher de seus 30 e poucos anos, desesperada para achar um lugar "seu" no mundo, já que a irmã e o cunhado fazem questão de desmerecê-la e de certa forma humilhá-la. 

    Eleanor é como se fosse um canal da casa para o grupo de pessoas. Desde o começo percebemos que o que existe na casa quer ela. É como se precisasse dela de alguma forma. Por sua inocência, por sua bondade ou por qualquer outra coisa. É claro que ela também é aquela personagem que de tão necessitada de amor e carinho acada se apegando muito e fortemente a outras pessoas. E quando esse carinho não é correspondido, acaba se isolando ainda mais do mundo e se prendendo ao que quer que viva na casa. 

   Eu amei o começo e o final do livro, o jeito como o sobrenatural vai acontecendo aos poucos e a forma como ele corrompe a mente confusa da Eleanor é sensacional. Mas eu não gostei do meio da história, tem muitos diálogos cheio de humor sarcástico desnecessários, e não há uma explicação sobre o porque da Casa ser tão hostil. Isso me irritou um pouco, mas de todo, eu gostei sim muito de ter lido. O final valeu cada momento de cansaço que a leitura me causou.

   Há um filme que eu assisti há alguns anos, chamado "The Haunting", que de certa forma é uma adaptação desse livro. É claro que tudo fica mais visual e há algumas cenas de horror que eu achei bem cômico. Ainda prefiro o livro. 


sábado, 24 de junho de 2017

O Terror

Foto do Livro.


Autor: Arthur Machen.
Tradução e posfácio: José Antonio Arantes.
Editora: Iluminuras.
Ano: 2002.

" No ensaio O Horror sobrenatural na literatura, H.P. Lovecraft dedica ao escritor galês Arthur Machen várias páginas de devotado fervor, assinalando que sua obra abriu novos caminhos para o gênero fantástico: 'Dos criadores vivos do terror cósmico elevado ao seu mais alto expoente artístico, dificilmente poderá citar-se alguém que se iguale ao versátil Machen, autor de cerca de uma dúzia de composições longas e curtas em que os elementos de horror oculto e medo avassalador atingem uma substância e um realismo incomparáveis. (...) Os textos que produziu nos anos 90 e princípios dos 1900 não têm igual em seu gênero e marcam uma nova época da história dessa forma literária.
   Com uma impressionável herança ligada a vívidas lembranças juvenis de colinas agrestes, florestas seculares e míticas ruínas de Gwent, Machen desenvolveu uma vida criativa de rara beleza, intensidade e inspiração histórica. Absorveu o mistério medieval de bosques sombrios e velhos costumes, e é em tudo um campeão da Idade Média - na fé católica inclusive. Da mesma forma cedeu ao encanto da vida britano-romana que em certa época floresceu na sua região nativa; e vê uma estranha magia nas vilas fortificadas, nos pisos de mosaico, fragmentos de estátuas e outras coisas que falam do tempo em que o classicismo reinava e o latim era a língua do país.
   Mas o encanto de seus textos está na narração. É impossível descrever o crescente suspense e o supremo horror que estão em cada parágrafo, sem seguir a sequência exata em que Machen vai, aos poucos, desvendando os seus indícios e revelações. (...) Com suas palavras e ambientações, Machen constrói atmosferas de eletrizante tensão.' "
  Resumo no Livro.

O que eu achei do livro:

   Essa foi minha primeira experiência lendo uma obra do Machen, principalmente porque aqui no Brasil é difícil achar qualquer livro desse autor. E agora que li esse livro que contém uma "novela" que dá nome ao título e um apanhado de textos que compõem a segunda parte: "Ornamentos em Jade" posso dizer que entendo o porquê do H.P. Lovecraft ter gostado tanto da escrita do Machen. Esse autor conseguiu me envolver nas histórias de uma forma maravilhosa,  principalmente pelo jeito "meio celta" de descrever as paisagens e de colocar mistérios horríveis em pequenos lugarejos. Não parece ficção, parece um relato que aconteceria com qualquer pessoa que vivesse ali e soubesse de rituais mais antigos que a própria terra. 

    Mas a melhor parte do livro e a que eu mais gostei foi da primeira parte, chamada "O Terror". Temos um narrador que está nos contando sobre fatos estranhos que estão acontecendo em várias partes do mundo, e isso no período da guerra, onde as pessoas achavam que qualquer coisa ruim ou plano diabólico que estivesse em ação seria obra dos alemães para ocupar a terra e vencer a resistência. Muitas mortes bizarras ocorrem com várias pessoas num lugarejo, sendo que boa parte dessa morte deixava as pessoas irreconhecíveis, pois esmagavam as cabeças; e se elas despencavam de um precipício a população achava que elas tinham cometido suicídio. Por que elas fariam isso? Ninguém sabe, mas é melhor do que se for algo que ninguém pode ver, mas que causa destruição por onde passar. E isso é apenas o começo: o medo, a loucura, os boatos e as mortes inexplicáveis começam a levar a população local a histeria.

   Gente, é muito bom esse livro, recomendo muito. Vou procurar agora pra comprar "O Grande Deus Pã". 

   P.S.: Uma das coisas que eu mais gostei desse livro é que no posfácio há um resumão sobre o autor e sua obra. Leiam.  


quarta-feira, 14 de junho de 2017

O Médico e o Monstro: O estranho caso do dr. Jekyll e sr. Hyde + Projeto Literário: Penny Dreadful - Parte V

Foto do Livro.


Autor: Robert Louis Stevenson.
Tradução: Jorio Dauster.
Prefácio: Luiz Alfredo Garcia-Roza.
Introdução e Notas: Robert Mighall.
Editora: Companhia das Letras.
Ano: 2015.

" Poucos clássicos da literatura são tão conhecidos e cultuados como O médico e o monstro. Escrito por Robert Louis Stevenson em 1885, o romance foi um sucesso imediato de público e inseriu o autor, à época com 35 anos, entre os grandes nomes da literatura universal.
   Ao narrar as experiências de um médico que, numa 'noite maldita', toma uma poção fumegante e de coloração avermelhada e descobre 'a dualidade absoluta e primordial do homem', o autor escocês criou uma história de suspense e horror, cujo perigo iminente está no lado obscuro da alma.
   Além de uma introdução de Robert Mighall, ph. D. em ficção gótica e ciência médico-legal vitoriana pela Universidade de Wales, esta edição conta com um prefácio do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, que define a obra como 'um dos mais perfeitos e provavelmente o mais famoso romance de mistério da literatura de língua inglesa'. 
   Resumo no Livro.

O que eu achei do livro:

   Não é a primeira vez que tento ler esse livro, já tentei duas vezes e desisti. Algo nessa história nunca me desceu, mas não sei o que é. Talvez seja porque eu não consegui me importar com nenhum personagem. E mesmo eu tendo amado essa edição da Penguin, e conseguido ler a história toda, continuo não me importando com os personagens. Gosto de outras histórias desse autor, essa história eu não amei. E confesso que até hoje eu não consegui assistir a um filme sobre essa obra e gostar. 

   Primeiro: todos os extras presentes nessa edição são maravilhosos, e foi isso que me ajudou a prosseguir com a leitura. Já que eu resolvi tentar ler essa obra novamente por causa do Projeto Penny Dreadful, achei melhor comprar uma edição que tivesse notas de apoio. E funcionou. Dessa vez a história fluiu melhor pra mim. 

    Acompanhamos nessa história mais o advogado Utterson, do que os verdadeiros protagonistas. E isso faz com que toda essa narrativa estranha envolvendo dois homens diferentes seja mais plausível.  Torna-se verossímil, já que acompanhamos uma pessoa que busca a verdade sobre um caso impossível de ser resolvido se for visto de um ângulo só. O dr. Jekyll tem toda uma reputação inabalável, amigos, uma vida estável e tranquila, já o sr. Hyde é cruel, com uma aparência grotesca e com a raiva em ponto de ebulição. Mas o que o dr. Utterson não entende é porque seu amigo Jekyll refez seu testamento deixando tudo para esse asqueroso do sr. Hyde, em caso de morte ou de seu sumiço. E tudo se complica quando Hyde é acusado de cometer um homicídio e de pisotear uma criança. Jekyll estaria sofrendo de uma chantagem por esse homem cruel? Isso o advogado está empenhado em descobrir. 


PROJETO LITERÁRIO: PENNY DREADFUL:  

Foto: Cena do Seriado.


   No seriado Penny Dreadful só aparece o Dr. Jekyll na terceira temporada, e isso porque ele vai à Londres para encontrar um velho amigo da  universidade: Victor Frankenstein. E para exercer sua profissão numa espécie de "sanatório". Só que o "problema" de seu amigo, torna-se seu quando ambos buscam encontrar um jeito de tornar as pessoas insanas e más, em pessoas normais e relativamente boas. Sem contar que na série Jekyll é mestiço e sofre muito com o preconceito; isso não ocorre no livro de Stevenson. 

Foto: Cena do Seriado.


   O problema da série foi que não tivemos tempo em conhecer e entender essa pessoa dupla, que é o Dr. Jekyll. Não conhecemos o Hyde, no final há uma referência ao título, mas não a transformação marcante de um ser bondoso para uma pessoa cruel que existe na história. Jekyll sofre alguns acessos de raiva quando discute com o seu amigo Frankenstein, mas em nenhum momento acontece a "transformação" com direito a poção e tudo. Talvez isso fosse abordado em uma quarta temporada, mas com o cancelamento da série, nunca saberemos disso. 


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Contos de Horror do Século XIX

Foto do Livro.


Escolhidos por: Alberto Manguel.
Vários Tradutores.
Editora: Companhia das Letras.
Ano: 2005.

   Não é de hoje que esse é um dos livros mais falados quando o assunto é contos de horror. Dizem que só as melhores histórias estão contidas nesse volume, e foi uma pena eu ter achado só bom. Alguns contos eu realmente gostei muito, mas outros eu achei bom, razoável até. Ou talvez essa sensação negativa que eu tive com esse livro seja porque criei expectativas demais em cima dele. Achei que seria maravilhoso, e não foi bem assim. Mas ainda bem que gostamos de coisas diferentes, e o que eu possivelmente achei ruim, vocês podem achar maravilhoso. Vou contar um pouco sobre alguns contos que eu realmente gostei e achei que valeu a pena a leitura.

   "A mão do Macaco" de W.W. Jacobs é um clássico e eu já havia lido várias vezes e várias adaptações desse conto. É aterrador fazer um pedido e tê-lo satisfeito. E convenhamos, às vezes é melhor não ter tudo. 

   "A Família do Vurdalak: Fragmento inédito das Memórias de um desconhecido - Aleksei Tolstói. Poucas vezes um conto sobre mortos vivos foi tão obscuro e medonho. Gostei muito do jeito que o autor abordou esse tema do "vampirismo". E principalmente gostei daquela sensação de cidadezinha isolada.

   "O Cone" de H. G. Wells foi sensacional. A vingança pode vir num simples surto de raiva incontida. Principalmente se você se sentir traído por sua mulher e seu amigo.

   "Os lábios" de Henry St. Clair Whitehead. Quando você é um homem cruel e que gosta de torturar escravos de todas as formas, sente-se traído quando uma "maldição" parece tomar conta do seu corpo.

  "O chinago" de Jack London. Quando se tem inocentes sendo punidos por um crime que não cometeram, qualquer um deles pode perder a cabeça.

   "Melück Maria Blainville, a profetisa particular da Arábia" - de Achim Vin Arnim. Esse foi um achado! Muito bom, com uma história redondinha. Quando uma mulher misteriosa decide "roer" seu coração é melhor estar preparado.

   "Bárbara, da Casa de Grebe" - Thomas Hardy. Quando uma jovem ingênua, mas de uma família abastada, decide se casar só pela beleza angelical de um homem; problemas surgiram o tempo todo. 

   Esses foram alguns dos que mais gostei, é claro que tem um conto do Poe e uma novela de Henry James que eu gosto muito, mas que são muito falados e eu não preciso me prolongar por aqui. Leiam, vocês vão gostar de alguns contos. Talvez não os mesmos que eu gostei, mas de outros. 


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Os Despossuídos

Fotos do Livro.


Autora: Ursula K. Le Guin.
Tradução: Danilo Lima de Aguiar.
Editora: Nova Fronteira.
Ano: 1978.

(Esse livro foi relançado pela Editora Aleph.)

"Ganhador do prêmio Nebula de melhor romance em 1974, além do Hugo e do Locus em 1975, Os Despossuídos lida com temas fundamentais a sua época, como o capitalismo, o comunismo russo e o anarquismo, além dos conceitos de individual e coletivo. O romance se passa em dois planetas-gêmeos, Uras e Anarres, com sistemas políticos opostos e prestes a entrar em guerra, numa alusão à Guerra Fria."
   Resumo do Livro em sites de vendas.



O que achei do Livro: 

   Primeiramente tenho que dizer que foi difícil o começo desse livro, gente. A minha introdução nesses mundos criados pela Ursula foi bem complicada, mas com tempo e dedicação consegui ir ultrapassando as barreiras e depois de umas 50 páginas, consegui entender e embarcar nesse universo novo. Não foi tão difícil quanto adentrar "Duna", mas foi sofrido. O que eu mais gosto nos textos da Ursula é essa imersão dela quando escreve. Tem cada questionamento dos personagens! Dá vontade de parar a leitura só para aplaudir. Não vou precisar dizer que a escritora baseou-se nos nossos dilemas, não é mesmo? 



   A história começa com um muro e ele não está ali atoa. Há muitos muros durante essa história, e eles não existem necessariamente no plano físico. Pode estar dentro de cada sociedade que vemos pelo mundo afora. Mas no caso do livro, temos dois planetas gêmeos: Urrás e Anarres, sendo que cada planeta considera o outro como se fosse a sua "Lua". Urrás está sempre em conflito ente suas potências, mas é um planeta rico, há flora e fauna. Em um dos maiores conflitos que esse Planeta viveu, ocorreu uma Revolução, no caso eles a chamaram de Odonista, baseando-se no nome de sua líder. Esses odonistas queriam a Anarquia, não toleravam sofrer nas mãos dos proprietários, sendo uns tão ricos e outros tão pobres. Para acabar com esse movimento todo, foi feito um acordo entre o governo e esses rebeldes, Urrás lhes daria sua Lua. E foi assim que houve uma colonização do outro Planeta, ficando conhecido como Anarres. Esses povos foram separados, os odonistas partiram para um futuro novo, sem nada, apenas com o próprio novo. Lá eles iriam criar um novo modo de vida. Um que fosse compatível com seus ideais. Destacando que mesmo com essa separação e um povo não poder imigrar para o planeta do outro, como se fosse uma rixa eterna, Urrás e Anarres tem um "Acordo de Trocas". Mas isso vai ficar mais fácil de entender quando vocês lerem esse livro.

   Urrás parece muito como o jeito que a Terra está organizada, temos as potências brigando por mais poder e comércio, temos os pobres, os ricos e os vários tipos de governo num Planeta só. Já Anarres, a sociedade anarquista, seguiu uma forma de "governar" bem diferente, nessa sociedade não há individualidade, tudo é feito em pró do conjunto. Não há aquela relação típica de "marido e mulher e filhos", nessa sociedade eles tem um "par", ou parceiros sexuais, quando ambos querem isso. Quando se é um par, vive-se com a pessoa escolhida, gerando as crianças. Mas a maioria das crianças depois de uma certa idade mora em dormitórios próprio para elas. Elas podem morar com os pais? Pode, mas não é aconselhável, ela precisa aprender a viver em conjunto. Todos os termos possessivos foram banidos, nada é seu, tudo é compartilhado. Você pode ter algo se o ganhar de presente, mas não há dinheiro circulando, há muitas trocas. É um computador que escolhe os nomes dos que nascem, cada um pode escolher com o que quer trabalhar, mas no período de seca há bastante coisa estranha acontecendo nesses centros, preste atenção. Não existe animais em Anarres, existe peixes, acho que bactérias e um tipo específico de vegetação. É uma sociedade perfeita? Não acredito que exista uma em lugar algum. 

   Nesse livro acompanhamos a história de Shevek, um físico, entre outras funções que ele exerce quando quer e precisa, e sua teoria da Simultaneidade. Ele é de Anarres, mas está de partida para Urrás, um fato histórico. E isso porque ele quer trabalhar nessa teoria que ele tem com outros doutores, e para provar seu ponto de vista. Além de querer estreitar os laços entre os dois planetas gêmeos. Ou seja, além de encarar um mundo completamente diferente do seu, bem capitalista, com outros ideais, onde não há mulher na ciência, coisa que é impossível no seu Planeta, Shevek terá de observar os dois tipos de mundos e encarar se existe ou não um tipo de governo ideal. 

   Amei esse livro, apesar do "A Mão Esquerda da Escuridão" ainda ser o meu favorito. É um livro denso, que traz vários questionamentos e uma história emocionante. Recomendo.

   P.S.: Para explicar essa teoria de Shevek, a autora escreveu o livro de forma diferente. Urrás é o presente de Shevek e Anarres é seu passado. Mas ambos acontecem ao mesmo tempo. Entendeu? Não? A autora vai te explicar melhor do que eu com certeza. 
   Uma coisa legal nesse livro que eu li, é que eu o peguei emprestado na Biblioteca, então o antigo dono desse livro realmente estudou a história. Tem vários cometários escritos no livro. Vou deixar uma foto com o último comentário dele sobre a história pra vocês.





Realidades Adaptadas

Foto do Livro.


Autor: Philip K. Dick.
Tradução: Ludimila Hashimoto.
Editora: Aleph.
Ano: 2012.

" Cinema e literatura sempre andaram de mãos dadas. 
   E quando o assunto é ficção científica, nenhum autor contemporâneo foi mais roteirizado do que Philip K. Dick, nem mesmo mestres do gênero, como Isaac Asimov e Arthur C. Clarke.
   Pouco conhecido no Brasil por sua obra literárias, Dick é um sucesso entre as plateias de cinema, que vai muito além de Blade Runner - O caçador de Androides, ícone cult dos anos 1980 inspirado em um de seus romances.
   A fim de prestar o devido reconhecimento a esse extraordinário autor, Realidades Adaptadas reúne, em uma edição inédita no mundo, os contos de Philip K. Dick que foram adaptados para a sétima arte, levando ao grande público os textos originais que inspiraram roteiristas e diretores a fazer seus filmes. 
   Um convite à leitura, ao entretenimento e a novas descobertas."
   Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Confesso que não pensava que ia gostar tanto da escrita do Philip K. Dick. Como muitas pessoas comentavam que era rápida e direta, eu achava que seriam textos sem alma, mas não. São excelentes, sem enrolação e com enredos completamente diferentes entre si. Deu até vontade de assistir aos filmes baseados nesses contos. Mas isso vai levar um tempo, não tenho nenhum deles aqui comigo.

   O conto que eu mais gostei foi "Lembramos para você a preço de atacado", um homem com uma vida monótona e simples sonha em ir para Marte. Essa é a meta da vida dele. Ele quer conhecer, quer visitar e quer todas as bugigangas que puder ter desde que venha desse Planeta. Como ele não tem dinheiro para ir pra lá, ele pensa em "comprar" uma lembrança dessa viagem. Ou seja, ele ia sofrer uma operação, mas ao acordar ele realmente ia acreditar que esteve sim em Marte, e teria várias pequenas coisas para corroborar essa lembrança. Isso tudo graças aos serviços da Rekordar S.A., uma empresa especialista nisso. Mas um fato estranho acontece, quando vão implantar essa memória nele, sob o efeito do sedativo narkidrina, o paciente diz que ele esteve em Marte em uma missão ao governo. Isso antes de sequer mexerem na memória dele. Ou seja, o cara realmente havia ido à Marte, mas por algum motivo essa memória foi apagada da mente dele. E desde esse instante tudo o que era para ser um serviço simples foi virando uma montanha russa gigante.

   "Segunda Variedade" é um ótimo conto também. Quando duas potências mundiais estão há anos em guerra e já destruíram mais da metade do mundo, tudo o que resta a fazer é descobrir alguma forma de acabar com isso, e logo. Mesmo que um dos lados tenha que criar uma nova "arma", uma nova forma de aniquilar os inimigos e reconstruir o que der. E não seria melhor se essa "arma" conseguir se arrumar sozinha? 
  P.S.: Não queria viver nesse mundo aí do conto não. 

   E tem mais uma porrada de contos, envolvendo visões do futuro, relatórios minoritários, previsões, mutações, e mais coisas que só a mente desse autor poderia criar. Gostei de todos, alguns mais do que de outros. Recomendo. 

P.S.: Um dia desses estava olhando as pessoas ao meu redor só pra observar se alguém tinha sofrido algum tipo de ajuste. Vai saber, não é mesmo?