segunda-feira, 31 de julho de 2017

Dica do Dia:

Foto: Cena do Filme.
   

   Se você ainda não assistiu "The Bad Batch", não viu a maravilhosa atuação do Jim Carrey. Que na minha opinião salvou o filme inteiro.


sábado, 29 de julho de 2017

As coisas que perdemos no fogo

Foto do Livro.


Autora: Mariana Enriquez.
Tradução: José Geraldo Couto.
Editora: Intrínseca.
Ano: 2017.

" Em um primeiro olhar, as histórias de Mariana Enriquez parecem absurdas, ambientadas em um mundo surreal. Mas não é preciso avançar muito na leitura para que esse mundo se torne quase palpável. O que as histórias revelam é a transformação do cotidiano em pesadelo. Personagens e lugares aparentemente corriqueiros ocultam experiências insólitas: mulheres violentadas que ateiam fogo em si mesmas, jovens entendiadas ou dominadas pela raiva e pela angústia, uma criança assassina, pactos sombrios, casas abandonadas, magia negra, superstições, sumiços, paixões, decepções. Em um universo de pessoas comuns e outras socialmente invisíveis, a existência de todos sucumbe ao peso da culpa, da compaixão, da crueldade e da simples convivência. 
   Uma das escritoras mais corajosas e surpreendentes da atualidade, Mariana Enriquez dá voz à geração nascida durante a ditadura militar na Argentina. Os contos reunidos neste livro se aventuram na fronteira entre o inacreditável e o verossímil para revelar o horror oculto no dia a dia. Uma obra que causa estranheza, mas onde também se reconhece algo familiar; textos primorosos que subvertem o mundo que estamos acostumados a ver."
   Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Amei a capa desse livro e o que eu fiz? Comprei, algo nele me chamava a atenção, e depois que eu o li, posso afirmar com certeza de que minha intuição sobre ele estava certa. Chega de contos previsíveis. O sobrenatural está tão intrincado em cada um dos contos, que a autora não precisa nos explicar porque algo está acontecendo, entendemos, mesmo que ela termine a narrativa sem nos dar respostas para tudo. E isso é incrível. Chega de histórias que trazem explicações sobre tudo, até porque não tem como uma pessoa saber tudo sobre tudo. Algo acontece naqueles contos, algo que a gente não prevê e muita vezes não entendem, mas que nos toca de alguma forma. O sobrenatural na trama parece algo tão rotineiro que a gente só pensa: "Sim, eu entendo. Sei como é." 

   Mariana Enriquez nos brinda com grandes histórias, com personagens únicos e humanos, com defeitos e qualidades. Há críticas tão sutis que quase não notamos e há aquelas jogadas na nossa cara como uma forma de protesto. E acima de tudo, há muitas protagonistas mulheres nos contos, diferentes entre si, mas que têm um vínculo. 

   Um dos contos que eu mais gostei foi "O menino sujo", que nos mostra não só como a maldade humana está por todo o lugar, como também acontece a violência escancarada contra as pessoas marginalizadas. Sem tirar o teor macabro presente nele. 

  No conto: " A Casa de Adele", filmes de terror, membros amputados e uma casa considerada amaldiçoada envolvem a vida de três crianças-adolescentes, não sei como classificá-los. Conto sensacional.

   Agora tem um conto que na minha opinião, me lembrou muito H.P. Lovecraft, chamado: "Sob a água negra", pessoas pobres e deformadas que vivem numa "vila" estranha, policiais que se corrompem, um padre enlouquecido e algo que dorme e vive nas águas sujas de um rio. (Sério, depois me digam se não lembram os contos dele.) Mas é claro que escrito de uma forma magistral pela Mariana. 

   O que eu posso dizer desse livro é que amei. Amei todos os contos; e ele tem um lugar especial na minha estante. Recomendo muito. 

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Distância de Resgate

Foto do Livro.


Autora: Samanta Schweblin.
Tradução: Ivone Benedetti.
Editora: Record.
Ano: 2016.

" 'Fico pensando se poderia acontecer comigo o que aconteceu com Carla. Sempre penso no pior. Agora mesmo estou calculando quanto demoraria para sair correndo do carro e chegar até Nina, se ela corresse de repente para a piscina e se atirasse. A isso dou o nome de 'distância de resgate', que é como chamo a distância variável que me separa de minha filha, e passo a metade do dia fazendo esse cálculo, embora sempre arrisque mais do que deveria.'
   Samanta Schweblin escreveu uma narrativa extraordinária e hipnótica, urgente e duradoura, que consegue nos manter inevitavelmente presos e mergulhados num universo ficcional perturbador."
   Resumo no Livro.

O que eu achei do Livro:

   Sabe aqueles livros que só de ver a capa já queremos ler? Esse foi um dos casos, amei a capa chamativa com as cores: vermelho e azul. E por que tinha vermes desenhados na capa? Havia uma relação com a história? Essas perguntas ficaram martelando na minha cabeça até que eu finalmente cedi e comprei o livro. E gente, me surpreendi e muito. Não só amei a história e a forma como a autora decidiu nos relatar os fatos mantendo o suspense e o mistério até o final, como também esse livro entrou para um dos meus favoritos do ano. Amei muito e sofri junto com a personagem principal também. 

   Uma das coisas que podem fazer as pessoas desistirem da leitura é que a história começa de uma maneira bem esquisita e sem fazer sentido nenhum. Isso porque a narrativa mistura passado/presente/futuro de uma forma que eu nunca vi igual. Ficamos nos perguntando: Ela está deitada, sentindo o tecido do lençol sem conseguir se levantar, conversando com um menino sobre "vermes" ou está ali vendo a vizinha tomar sol e depois chorar compulsivamente no carro dela? Onde essa mulher realmente está? Onde é a ação? Isso é o mistério da narrativa. Não sabemos qual das verdadeiras situações é o presente e está acontecendo e o que já ocorreu e ela só está lembrando. E o mais importante: quem é o menino com o qual ela está conversando? Por que a mãe do menino sente repulsa pelo filho? Nossa narradora quer saber a história por trás dessa rejeição a criança, assim como sabe que tem que manter a filha Nina sempre por perto. Para o caso de precisar salvá-la de algo. Distância de Resgate é o nome dessa "preparação para o socorro imediato"; é uma forma de criação que a família da protagonista passa de geração para geração. Ela sente que algo ruim vai acontecer, mas não sabe como. E não entende porque acha que essa "sensação" ruim que sente está ligada a vizinha Carla e seu filho estranho David. Não entende porque seu corpo está preparado para salvar sua filha Nina. Mas até o final da história ela entenderá e a gente também. Então se preparem para um final destruidor, mesmo. 

   Distância de Resgate é uma história maravilhosa, curtinha, com uma boa fonte para a leitura. Não dá pra eu falar muito sobre a história, porque cada pista é única. Mas acredito que vocês vão gostar tanto quanto eu. Recomendo muito. 


terça-feira, 18 de julho de 2017

Providence Vol. 1

Fotos da HQ.


Roteiro: Alan Moore.
Arte: Jacen Burrows.
Editora: Panini Brasil.
Ano: 2017. 

" Alan Moore reescreve o mundo horripilante de Lovecraft!
   Nova York, 1919. Robert Black é um repórter que há pouco tempo encontrou seu próprio lugar no mundo. O súbito suicídio de uma pessoa querida o conduz por uma estrada misteriosa, na descoberta do lado sombrio dos Estados Unidos. É uma estrada sinuosa, labiríntica. É a estrada para Providence.
  Pela primeira vez no Brasil, o primeiro tomo da obra-prima de Alan Moore e Jacen Burrows. 
  Este volume de 176 páginas contém Providence 1 a 4."
  Resumo da HQ.



O que achei da HQ:

   A primeira coisa que sempre digo aos meus amigos quando estão em duvida se compram ou não algum quadrinho com roteiro do Alan Moore, é: Comprem, porque esse cara é foda. 
   Alan Moore consegue fazer uma narrativa que faça sentido e que soe plausível; esse repórter Robert Black quer viver dos seus livros, mas ele realmente nunca tentou fazer acontecer. Quando ocorre de ter um espaço livre no jornal em que ele trabalha, Black e seus colegas começam a discutir sobre que matéria poderia tapar esse buraco. Ao falar sobre esse assunto, surge um bem inusitado sobre um livro que mata a pessoa que ler. Não o objeto livro, mas algo presente nele faz com que algo ocorra a pessoa que mergulhou naquela história. A moça que trabalha com ele lembra do livro "O Rei de Amarelo" de Robert Chambers, que por sua vez os leva a falar sobre o livro " Sous Le Monde", que levou a morte muitas pessoas que o leram. Para saber mais sobre esse livro, o repórter vai tentar encontrar um médico que uma vez escreveu um artigo sobre essa "maldição". E é desse jeito que as coisas estranhas e sobrenaturais começam a acontecer. 

   O mais legal da HQ é a sensação de que realmente estamos lendo um conto do H.P. Lovecraft. Dá vontade de reler os contos depois de cada parte do quadrinho. E todas as histórias são bem construídas, sem contar nos personagens. É um quadrinho que vai abordar muitas coisas, como a sexualidade de cada um, em como os gays viviam num "mundo a parte" naquela época, vai citar alguns escritores famosos, sem contar em todas as referências e críticas contidas nessa trama toda. A única coisa que me cansou um pouco foi o diário, e isso pode ser pela fonte usada na parte do diário do protagonista. Era a parte que eu mais queria que passasse rápido para eu poder continuar a embarcar naquele universo único. Recomendo muito. 

Paper Girls Vol.1

Fotos da HQ.


Escritor: Brian K. Vaughan.
Artista: Cliff Chiang.
Cores: Matt Wilson.
Letras: Jared K. Fletcher.
Tradução: Kleber Ricardo de Sousa.
Editora: Devir.
Ano: 2016.

" Das mãos de Brian K. Vaughan, escritor de SAGA, HQ campeã de vendas do New York Times, e Cliff Chiang, lendário artista da MULHER-MARAVILHA, chega o primeiro volume de uma nova e intrigante aventura.
   Na madrugada depois do Dia das Bruxas de 1988, quatro entregadoras de jornal de 12 anos descobrem a história mais importante de todos os tempos.
   Drama suburbano e mistérios sobrenaturais colidem nesta série sobre nostalgia, primeiros empregos e os últimos dias da infância."
   Resumo na HQ.



O que eu achei da HQ:

    Acho que desde que eu vi essa HQ o que mais me chamou a atenção nela foi as cores da capa, deixando as quatro protagonistas destacadas em azul e o fundo meio rosa-amarelo. Vi muitas pessoas recomendando e outras falando muito mal, também. E confesso que ler quadrinhos nunca foi minha preferência, não que eu não goste, mas como eu tenho problema de atenção às vezes fica difícil de acompanhar os quadros. As cores acabam me distraindo mais do que realmente importa, que é a história que querem me contar. O que neste primeiro volume é bem maluco.

   Começamos a história já dentro de  um sonho bem doido e diabólico que a jovem Erin, de 12 anos, está tendo. Um sonho que faz todo o sentido conforme a trama da HQ se desenlaça. Ao acordar de madrugada e preparar os rolos de jornais, que é seu trabalho, Erin saí para fazer as entregas. O que ela não contava é com os meninos metidos a valentes, ainda fantasiados com roupas de Halloween e que resolveram provocá-la. Quando as coisas iam começar a desandar, mais três entregadoras de jornais chegam e a salvam dos idiotas. Elas são: Mac, a rebelde do grupo, Tiff, com uma inteligência bem aguçada e KJ, na minha opinião a mais legal e que tem um porrete. São quatro garotas bem diferentes entre si, mas que ficam juntas para fazer as entregas e para proteger umas as outras. Poderia tudo ter corrido bem depois disso, se uns caras, parecendo fantasiados de ninjas não roubassem e agredissem a Tiff para pegar o walkie-talkie dela. Juntas, as garotas resolvem pegar de volta o que foi roubado, mesmo que tenham que caçar os infelizes pela cidade inteira.

   Eu gostei de ter lido esse quadrinho, amei a parte de "viagens no tempo" e universos paralelos, sem contar que são um grupo de meninas que se ajudam. Amei as cores, mas já tinha falado disso. Não sei se vou continuar lendo as próximas histórias, mas qualquer coisa se as ler, posto aqui. 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Os melhores contos fantásticos

Foto do Livro.


Organizador: Flávio Moreira da Costa.
Colaboração: Celina Portocarrero.
Editora: Nova Fronteira.
Ano: 2006.


O que eu achei do livro:

   Bom, já vou começar contando que gostei muito mais desses contos escolhidos pelo Flávio Moreira da Costa, do que aqueles outros que eu li no livro "Contos de Horror do Século XIX". E valendo ressaltar que essa é a minha opinião, outras pessoas podem não concordar comigo sobre isso. Gostei de todos os contos? Não, mas gostei bem mais da metade. Foram poucos os que não me agradaram, ou me deixaram com aquela sensação de "ok". É um livro que eu recomendo pra todo mundo que gosta de boas histórias e que gosta de ler aos pouquinhos. Isso para economizar leitura boa.   

   Os contos são divididos em quatro partes: 01. Da Antiguidade ao Puritanismo; 02. O apogeu do século XIX; 03.Atravessando o século XX; 04. O fantástico em bom português. Sem contar a introdução e o bônus. Vou citar abaixo alguns contos que eu mais gostei.

   Já começamos o livro com a história bíblica do Apocalipse, então temos anjos, o cordeiro, aniquilações, as bestas na terra, e outras coisas bem sinistras. 

   Um dos contos que eu mais gostei nessa primeira parte foi: "O jovem Goodman Brown" de Nathaniel Hawthorne. É um conto em que a religião está bem presente, principalmente na vida do jovem rapaz Goodman Brown e sua esposa. Tudo estava caminhando como Deus manda na vida desse jovem casal, até que algo estranho envolvendo pessoas "santas" é revelado para ele numa noite fatídica. Aquelas pessoas tementes a Deus seriam na verdade servos do Demônio? Ou o que ele estava vendo era fruto da sua imaginação?

    Um dos melhores contos que eu já li na vida está nesse livro também. "O Homem da Areia" de E.T.A. Hoffmann. Essa foi a terceira vez que releio essa história, e ainda continuo achando-a fantástica. Primeiro que começa com um horror vivido na infância e que volta a assombrar a fase adulta, e segundo porque eu acho uma história muito bem escrita.

   Um conto que eu não dava nada, mas que gostei bastante foi: "A Vênus de Ille" de Prosper Mérimée. As coisas começam a dar terrivelmente errado quando um "ídolo" é encontrado numa escavação. Quem teria esculpido aquela Vênus, linda, mas com uma feição cruel? E por que a população acha que ela traz mau agouro?

   O achado dessa vez foi: "O ladrão de Cadáveres" de Robert Louis Stevenson. Não pela história em si, porque eu não achei nada demais nela. Mas por uma frase sensacional que está incluída  num encarte de uma série que eu gosto. E que é sensacional.

   "A Cafeteira" de Théophile Gautier é bem curiosa. E isso porque a assombração dessa vez saí diretamente dos quadros de um dos quartos da casa. E "A Morta Apaixonada" que conta a história de um sacerdote que caí de amores tresloucados por uma cortesã, e que começa a sentir-se dividido em dois homens diferentes. 

   O mais original na minha opinião é: "Deuses no Exílio" de Heinrich Heine. Esse conto fala sobre o que aconteceu com os deuses gregos quando o Cristianismo abrangeu mais da metade da população com o seu Deus único, deixando todos os outros deuses na escuridão do esquecimento. O que eles fariam agora sem a adoração dos povos? Sem oferendas e templos. O que seria dessas divindades? 
   Sério, um dos melhores contos do livro.

   No conto: "Um sonho" de Ivan Turgueniev, sonho e realidade se mesclam quando um rapaz descobre a verdadeira identidade do seu pai e passa a persegui-lo.

   "Final para um conto fantástico" de I. A. Ireland é bem curtinho, mas realmente parece um final perfeito para uma história que você mesmo pode criar.

   Um conto que me lembrou muito o Poe, foi: "Vera" de Villiers de L´Isle Adam. É uma tragédia de amor, só que escrita de um jeito que parece poesia. Cada frase parece perfeita, como se o autor tivesse pensado muito nela antes de escrever.

   Agora um conto simples, mas sinistro foi: "Sredni Vashtar" de Saki. Quando uma criança solitária e triste resolve tornar um simples animalzinho em um "Deus", coisas estranhas podem acontecer.
  
   "A Insolação" de Horacio Quiroga, vai nos relatar como a morte aparece para os cachorros. Como eles recebem o aviso de que o dono está em perigo. Sensacional.

   "Carta a uma Senhorita em Paris" de Julio Cortázar, vai nos relatar o que sofre um homem que vomita "coelhinhos". Isso mesmo, você não leu errado. Ele vomita coelhinhos, e o pior é quando em pouco tempo ele vomita mais de dez desses bichinhos. 

   Também há casos de homens que nascem com o espírito de mulheres e mulheres que nascem com o espírito de homens no conto: "As academias de Sião" de Machado de Assis. 

   No conto: "Demônios" de Aluísio Azevedo, algo estranho acontece com o mundo quando um jovem rapaz dorme. Pessoas morrem, a escuridão torna-se infinita e o tempo parece preso no tempo.

   É claro que há muitos contos de autores consagrados presentes nessa coletânea. Mas como a maioria eu já havia lido, resolvi só falar dos pouco conhecidos por esses lados.