segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Coração Satânico

Fotos do Livro.


Autor: William Hjortsberg.
Tradução: Carla Madeira.
Editora: Darkside Books.
Ano: 2017.

" Coração Satânico se passa em Nova York, em 1959. Harry Angel é um detetive particular contratado para encontrar Johnny Favorite, um músico famoso que desaparecera após a Segunda Guerra Mundial. Psicologicamente transtornado com os campos de batalha, Johnny retornaria aos Estados Unidos em estado catatônico. Dias depois, ele some do hospital de veteranos, sem deixar rastros. O caso leva Harry Angel a se envolver com seguidores de magia negra, assassinos e um cliente que não ousa perdoar velhas dívidas.
   A história seria consagrada mais uma vez em 1987, quando Coração Satânico ganhou uma adaptação cinematográfica dirigida por Alan Parker, com Mickey Rourke e Robert De Niro nos papéis principais. O sucesso do filme em todo o mundo apresentou Hjortsberg a novos leitores, mas infelizmente os brasileiros estavam a muito tempo sem acesso a sua verdadeira obra-prima. Dois anos antes, o autor já havia escrito o roteiro de A Lenda (1985), filme de fantasia dark dirigido por Ridley Scott, com Tom Cruise e Mia Sara."
   Resumo nos sites de venda.



O que eu achei do Livro:

   Não é a primeira vez que eu leio Coração Satânico, essa é a segunda vez, e confesso que eu gosto muito da história, mas detesto o personagem principal. Talvez porque eu o acho muito escroto, apesar de ser esperto, principalmente para fugir de cenas de crimes. E olha! É uma das coisas que mais tem nessa trama: assassinatos e magia negra. E das bravas! O mais incrível nessa história cheia de coisas obscuras e demoníacas é o seu final. O autor joga várias pistas para a gente sobre o que está acontecendo, mas quem disse que percebemos? 



   Não vou falar muito sobre a história em si, até porque eu acho que o resumo dele em sites de vendas é bem fiel ao que encontramos ao ler essa obra. Mas saibam que vale muito a pena a leitura. Recomendo.

Mona Lisa Overdrive

Fotos do Livro.


Vol. 03.
Autor: William Gibson.
Tradução: Carlos Irineu e Candice Soldatelli.
Editora: Aleph.
Ano: 2017.

" O ciberespaço, essa espécie de alucinação coletiva, está cada dia mais perigoso. As Inteligências Artificiais atingiram a autoconsciência e dividem esse espaço com os mais inusitados personagens, movidos por interesses diversos e intenções nem sempre lícitas. Nesse cenário, três diferentes histórias se entrelaçam e trazem o leitor de volta para o universo de Neuromancer, em uma última e impactante aventura."
   Resumo no Livro.



O que eu achei do Livro:

   Eu terminei esse livro com uma vontade de embarcar mais nesse universo, de querer entender tudo o que eu não acho que captei nessa primeira leitura. Amei a trilogia e vou sim ler mais livros do Gibson assim que possível.

   Mona Lisa Overdrive apresenta três visões diferentes:

  Uma delas é Kumiko, uma adolescente japonesa, herdeira da Maas-Neotek. Como o pai de Kumiko está com algum tipo de problema, ela é enviada para Londres, numa forma de proteção. Mas essa "proteção" só a faria pensar mais em sua vida e em como tudo parecia errado nela. Uma das melhores personagens desse volume. 

   Temos também Slick Henry, um cara que vai perceber que ele não precisa correr atrás de problemas, eles o encontram sozinho. E isso vem no formato de um homem ligado diretamente na Matrix, um homem que ele tem que manter a salvo, conhecido como Count Zero. Quem é esse cara? Ele não faz a miníma ideia, só quer sair dessa e rápido.

   E por último temos a Angie, que vocês já conheceram no livro anterior, só que dessa vez ela está se desintoxicando e precisando se reencontrar. E talvez crer ou não nos loas. Além de ter que sobreviver a bagunça que sua vida aparentemente perfeita se tornou, Angie precisa descobrir onde foi parar Bobby. E o que parecia simples, vai se complicando. 

   Sem contar que nesse último livro acontece o retorno de um dos melhores personagens de toda a trilogia. Recomendo muito. 

Count Zero

Fotos do Livro.


Vol. 02.
Autor: William Gibson.
Tradução: Carlos Angelo.
Editora: Aleph.
Ano: 2017.

" Sete anos após os eventos narrados em Neuromancer, a matrix se estende sobre a Terra, envolvendo pessoas, empresas e informações. Sem qualquer controle, inúmeras Inteligências Artificiais se proliferam e se tornam sencientes, transformando-se em deuses vodus. Eles interagem com a humanidade e ameaçam a segurança de indivíduos e de grandes corporações. Nesse cenário frenético e superconectado, uma guerra está prestes a começar."
   Resumo no Livro.



O que eu achei do Livro:

   Essa é uma das séries de ficção científica que eu mais gosto, depois de Duna é claro. O jeito de escrever e descrever coisas que o William Gibson tem é sensacional. Ele consegue te passar sensações, consegue nos conectar com os personagens e sofrer juntinho com eles. Uma das minhas cenas favoritas de toda a Trilogia é uma do primeiro livro em que o Case lembra-se como conheceu sua ex-namorada no fliperama. O jeito como ele vai descrever a cena, o jeito como ele se lembra das luzes sobre ela, é incrível. Nós que estamos lendo conseguimos nos colocar no lugar dele, conseguimos entender o porquê daquela aflição toda. E temos essa mesma aflição aqui no volume dois. E não entendam errado, não é uma continuação direta com os mesmos personagens, agora temos outras pessoas envolvidas na teia que é a Matrix. Somente um personagem está "presente", de certa forma em toda a trilogia, mas isso vocês vão descobrir quando forem ler.

   Count zero vai nos mostrar a visão de três personagens: 

   O Turner, uma espécie de mercenário, só que daqueles perigosos, que quando sabemos que a missão tem de tudo pra dar merda, escalamos essa pessoa porque ela é capaz de dar um jeito caso algo saia do controle. E é o meu personagem favorito nessa parte do livro. (No livro um foi a Molly.) Turner é escalado pra tirar um homem de um complexo fortemente vigiado, e as pessoas com quem ele terá de trabalhar pode ser um inimigo ou não. 

   Temos a Marly, uma mulher forte, mas que está passando por uma fase ruim na carreira e no amor. Principalmente porque o homem que ela ama é um bosta. Além de estar morando de favor com uma amiga. Marly precisa desesperadamente de um emprego e é por isso que ela é uma isca fácil para o trabalho que um homem mega-ultra rico e excêntrico e que quer que ela encontre o cara que produziu uma determinada "caixa".

   E temos o Conde, Count Zero, nosso Bobby. Gente, toda vez que minha vida estiver na pior, vou me lembrar desse cara. Sem contar que no começo esse é um dos personagens mais zero à esquerda de toda a trilogia. Tudo o que o Bobby quer é ser um hacker, e um dos bons, só que ele não tem experiência nenhuma em embarcar na Matrix. Sabemos que vai dar merda? Sabemos. 

   De todo, é um livro muito bom, cheio de personagens marcantes. Recomendo.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Rat Queens Vol. 01 e Vol. 02. (HQ)

Fotos da HQ.


Vol. 01: Pancadaria & Feitiçaria.
Kurtis J. Wiebe & Roc Upchurch.
Tradução: Gustavo Brauner. 
Editora: Jambô.
Ano: 2016.

Vol. 02: Os Tentáculos de N´Rygoth.
Kutis J. Wiebe, Roc Upchurch e Stjepan Sejic.
Tradução: Gustavo Brauner.
Editora: Jambô.
Ano: 2016.

" QUEM SÃO AS RATAS RAINHAS?
   Elas são um grupo de aventureiras matadoras, beberronas e mercenárias, e seu negócio é trucidar todas as criaturas dos deuses em troca de grana. Conheça Hannah, a elfa mega rockabilly; Violet, a anã guerreira hipster; Dee, a humana clériga ateia; e Betty, a miúça ladra hippie.
   Suas aventuras são um épico de estilo moderno, dentro do gênero tradicional de matança violenta de monstros - como se Buffy encontrasse Tank Girl em um mundo de RPG... Mas pra lá de chapada!"
   Resumo na HQ.



O que achei das HQs?

  O que falar de dois quadrinhos maravilhosos e que eu amei mais do que tudo? E por favor, Editora Jambô, lancem o próximo volume logo! E olhem que quando eu comprei essas HQs foi um tiro no escuro; não achei nenhuma resenha sobre elas, mas algo naquelas capas, mostrando um grupo de mulheres diferentes e fodonas me chamou a atenção. E eu comprei, torcendo loucamente pra gostar. E não só gostei pra caramba, como quero mais histórias. 

   Essa é uma das primeiras histórias que eu leio, vejo os quadros e sinto que foi respeitado o direito de ser mulher e fazer sua própria vontade. As quatro amigas que compõe esse grupo chamado de "Ratas Rainhas" são totalmente diferentes uma da outra, não só fisicamente como também no caráter. Elas discutem entre elas, mas isso não prejudica a amizade que permeia as histórias, na verdade acho que fortalece. O que é maravilhoso, já que levaram em conta que o convívio diário com pessoas totalmente diferentes de você pode não ser fácil, mas que é essencial para o seu "crescimento" como pessoa. 

   Um grupo de mercenárias mulheres? Sim, e meus amigos, elas arrasam. Se quer manter seu corpo inteiro, acho  muito bom sair do caminho dessas mulheres. Porque se você mexer com uma, você mexeu com todas. E elas não pouparão nenhuma parte de você para te moer na pancada. São mulheres em busca de autoconhecimento, que começaram sua jornada sozinhas e acabaram se encontrando e formando um elo forte. A cidade de Paliçada pode estar segura... ou não com elas envolvidas no meio. 

   No volume 01, conhecemos Betty, uma miúça que ama doces e drogas, sim ela prepara uns drinks bem loucos com cogumelos é só pedir. E na minha opinião é a mais amorzinho. Temos a Dee, a nossa deusa maravilhosa do quadrinho inteiro, que por sinal é ateia, mas seu povo cultura um Polvo Gigante que Voa. (Isso me lembrou quem? Lovecraft, claro!). Temos a Hannah, maravilhosa, minha personagem favorita, que é bem direta nas coisas que quer, menos se quer aceitar um cara como seu "namorado" e entendemos o lado dela pra isso no volume 02. E temos a nossa briguenta anã sem barba Violet, maravilhosa e destruidora mesmo. 

   E tirando a parte violenta, que é a parte mais legal, temos um humor único nesses quadrinhos, chorei de rir em algumas partes e também fiquei emocionada em outras. Principalmente no volume 02, quando uma ameça em forma de Polvo Gigante que traz o Caos literalmente para Paliçada atormenta seus moradores com uns passados tristes enquanto os destroem. 

   Eu poderia contar mais e mais motivos do porque eu me apaixonei pelas Ratas Rainhas, mas quero deixar um pouco de surpresa e apreensão para quando vocês forem ler essas hqs. Recomendo muito. 

A Hora do Lobisomem

Fotos do Livro.


Autor: Stephen King.
Ilustrações: Bernie Wrightson.
Tradução: Regiane Winarski.
Editora: Suma de Letras.
Ano: 2017.

" O primeiro grito vem de um trabalhador ferroviário isolado pela neve, enquanto as presas do monstros dilaceram sua garganta. No mês seguinte, um grito de êxtase e agonia escapa de uma mulher atacada no próprio quarto.
   Agora, toda vez que a lua cheia brilha sobre a cidade de Tarker´s Mills, acontecem novas cenas de terror inimagináveis. Quem será a próxima vítima?
   Quando a lua sobe no céu, os moradores da cidade são tomados por um medo paralisante. Uivos quase humanos ecoam no vento. E há pegadas por todos os lados de um monstro cuja fome nunca é saciada.
   Ilustrações originais de Bernie Wrightson e inéditas de Giovanna Cianelli, Rafael Albuquerque, Rebeca Prado e Lucas Pelegrineti."
   Resumo no Livro. 



O que achei do Livro:

   Antes de qualquer coisa, deixa eu dizer que espero por esse lançamento aqui no Brasil há anos. Principalmente depois que vi o filme baseado nessa história, que por sinal é muito bom e eu recomendo. Mas bora falar dessa edição lindona que a Suma preparou pra gente? 

   O livro é lindo, em capa dura, com alto relevo em formato de um lobo, o papel usado é um pouco mais grosso do que os que são usados em edições normais das obras do King por aqui. E a melhor parte e a que eu mais gostei: ILUSTRAÇÕES. Um montão delas. E feitas por ninguém mais, ninguém menos do que Bernie Wrightson. E claro, com outras ilustrações inéditas feitas por quatro brasileiros, sendo as minhas favoritas a da Rebeca Prado e do Rafael Albuquerque. 

   A história gira em torno de um lobisomem que começa a atacar uma cidadezinha chamada Tarker´s Mills, o que deixa todos os moradores apavorados porque ninguém sabe quem é o assassino. Essa trama é separada de acordo com os meses do ano e as luas cheias, já que é somente nessa época que ocorre as mortes mais violentas e sangrentas possíveis. Poderia ser um animal de grande porte? Ou uma pessoa fantasiada e lunática? Quem estaria por trás disso?



  De todas as histórias do Stephen, essa é uma das que eu achei mais simples, mais enxuta. Mas não menos interessante. O King sabe construir tramas e personagens como ninguém. Sem contar que nosso "herói" no caso de "A Hora do Lobisomem" é um garotinho numa cadeira de rodas, com uma família problemática. Além de outros personagens secundários únicos.

   Gostei bastante de ter lido, é uma edição pra deixar na estante e reler sempre que sentir vontade.


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Wytches

Fotos da HQ.


Roteiro: Scott Snyder.
Tradução: Érico Assis.
Editora: Darkside Books.
Ano: 2017.

" Quando uma família se muda para a remota cidade de Litchfield, em New Hampshire, para escapar de um trauma assombroso, está confiante em recomeçar a vida. Mas algo maligno e impiedoso está esperando por eles na floresta vizinha. Observando das árvores. Algo secular... e faminto."
   Resumo na HQ.



O que eu achei da HQ:

   Eu gostei bastante, parece que estamos assistindo um filme de terror, daqueles que são bons. Porque ultimamente os filmes de terror são só mais do mesmo. No caso da HQ as bruxas são bem diferentes do que estamos acostumados a ver pela literatura à fora. Elas não são bonitas, muito menos humanas, atacam sem dó quando alguém é jurado à elas. Não perdoam e nem voltam atrás. E acreditem, a maldade humana está bem entranhada nessa história. Um bom quadrinho, com drama familiar e muitas pitadas de sobrenatural. 

Fragmentos do Horror

Fotos da HQ.


Autor: Junji Ito.
Tradução: Akemi Ono.
Editora: Darkside Books.
Ano: 2017.

" Um rapaz literalmente perde a cabeça para uma taróloga. Uma antiga mansão de madeira que excita um de seus habitantes. Uma aula de dissecação com uma paciente bastante incomum. Uma visita de um estranho pássaro negro transforma a vida de um homem acidentado nas montanhas. Passando do aterrador ao cômico, do erótico ao escatológico, essas histórias surreais mostram o esperado retorno de Junji Ito ao mundo do horror."
   Resumo na HQ.



O que achei da HQ:

   Eu confesso que gostei bastante de todas as histórias. Achei algumas bem malucas e outras com um desfecho sensacional. Acredito que o resumo no livro é bem fiel em descrever alguns contos e acho que todos deveriam ler, porque é maravilhoso. Vocês vão gostar do que o Junji Ito tem para nós. 

Neuromancer

Fotos do Livro.


Autor: William Gibson.
Tradução: Fábio Fernandes.
Editora: Aleph.
Ano: 2016.

" Considerada a obra precursora do movimento cyberpunk e um clássico da ficção científica moderna, Neuromancer conta a história de Case, um cowboy do ciberespaço e hacker da matrix. Como punição por tentar enganar os patrões, seu sistema nervoso foi contaminado por uma toxina que o impede de entrar no mundo virtual. Agora, ele vaga pelos subúrbios de Tóquio, cometendo pequenos crimes para sobreviver, e acaba se envolvendo em uma jornada que mudará para sempre o mundo e a percepção da realidade. 
   Evoluindo de Blade Runner e antecipando Matrix, Neuromancer é o romance de estreia de William Gibson. Esta obra distópica, publicada em 1984, antevê , de modo muito preciso, vários aspectos fundamentais da sociedade atual e de sua relação com a tecnologia. Foi o primeiro livro a ganhar a chamada 'tríplice coroa da ficção científica': os prestigiados prêmios Hugo, Nebula e Philip K. Dick."
   Resumo no Livro.



O que achei do Livro:

   Ler Neuromancer não foi fácil, foi denso e desconcertante em vários aspectos. É um mundo novo, uma realidade da qual não estamos acostumados a viver. Mas que eu gostei muito de ter passado por essa experiência. Estou lendo o segundo livro e apesar de achá-lo diferente do primeiro, confesso que estou curiosa pra saber o que está acontecendo na Matrix. 

   Uma das coisas que me deu uma estranheza no início foi porque eu achava que o filme e o livro seriam duas coisas iguais. Pensava que seria meio obscuro e surreal como a trilogia "Matrix", no caso falo dos filmes. E não foi nada igual, tudo é diferente, há semelhanças, mas são poucas. O universo de "Neuromancer" é complexo e meio assustador em algumas coisas. E ao contrário do filme, a atmosfera no livro é bem colorida, com fliperamas e tudo. Uma coisa meio anos 80. Ou seja, nesse universo há de tudo: pessoas modificadas, realidades alternativas, romance, intrigas, drama, mortes, inteligência artificial, e muitas outras coisas que parecerão absurdas pra você no início.

   Gostei muito do livro, achei todos os personagens bem descritos e de certa forma "reais". William Gibson consegue te deixar a vontade naquele universo bem maluco. A forma dele escrever é bem diferente, é cheia de sensações. Recomendo.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Dica do Dia:

Foto: Cena do Filme.
   

   Se você ainda não assistiu "The Bad Batch", não viu a maravilhosa atuação do Jim Carrey. Que na minha opinião salvou o filme inteiro.


sábado, 29 de julho de 2017

As coisas que perdemos no fogo

Foto do Livro.


Autora: Mariana Enriquez.
Tradução: José Geraldo Couto.
Editora: Intrínseca.
Ano: 2017.

" Em um primeiro olhar, as histórias de Mariana Enriquez parecem absurdas, ambientadas em um mundo surreal. Mas não é preciso avançar muito na leitura para que esse mundo se torne quase palpável. O que as histórias revelam é a transformação do cotidiano em pesadelo. Personagens e lugares aparentemente corriqueiros ocultam experiências insólitas: mulheres violentadas que ateiam fogo em si mesmas, jovens entendiadas ou dominadas pela raiva e pela angústia, uma criança assassina, pactos sombrios, casas abandonadas, magia negra, superstições, sumiços, paixões, decepções. Em um universo de pessoas comuns e outras socialmente invisíveis, a existência de todos sucumbe ao peso da culpa, da compaixão, da crueldade e da simples convivência. 
   Uma das escritoras mais corajosas e surpreendentes da atualidade, Mariana Enriquez dá voz à geração nascida durante a ditadura militar na Argentina. Os contos reunidos neste livro se aventuram na fronteira entre o inacreditável e o verossímil para revelar o horror oculto no dia a dia. Uma obra que causa estranheza, mas onde também se reconhece algo familiar; textos primorosos que subvertem o mundo que estamos acostumados a ver."
   Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Amei a capa desse livro e o que eu fiz? Comprei, algo nele me chamava a atenção, e depois que eu o li, posso afirmar com certeza de que minha intuição sobre ele estava certa. Chega de contos previsíveis. O sobrenatural está tão intrincado em cada um dos contos, que a autora não precisa nos explicar porque algo está acontecendo, entendemos, mesmo que ela termine a narrativa sem nos dar respostas para tudo. E isso é incrível. Chega de histórias que trazem explicações sobre tudo, até porque não tem como uma pessoa saber tudo sobre tudo. Algo acontece naqueles contos, algo que a gente não prevê e muita vezes não entendem, mas que nos toca de alguma forma. O sobrenatural na trama parece algo tão rotineiro que a gente só pensa: "Sim, eu entendo. Sei como é." 

   Mariana Enriquez nos brinda com grandes histórias, com personagens únicos e humanos, com defeitos e qualidades. Há críticas tão sutis que quase não notamos e há aquelas jogadas na nossa cara como uma forma de protesto. E acima de tudo, há muitas protagonistas mulheres nos contos, diferentes entre si, mas que têm um vínculo. 

   Um dos contos que eu mais gostei foi "O menino sujo", que nos mostra não só como a maldade humana está por todo o lugar, como também acontece a violência escancarada contra as pessoas marginalizadas. Sem tirar o teor macabro presente nele. 

  No conto: " A Casa de Adele", filmes de terror, membros amputados e uma casa considerada amaldiçoada envolvem a vida de três crianças-adolescentes, não sei como classificá-los. Conto sensacional.

   Agora tem um conto que na minha opinião, me lembrou muito H.P. Lovecraft, chamado: "Sob a água negra", pessoas pobres e deformadas que vivem numa "vila" estranha, policiais que se corrompem, um padre enlouquecido e algo que dorme e vive nas águas sujas de um rio. (Sério, depois me digam se não lembram os contos dele.) Mas é claro que escrito de uma forma magistral pela Mariana. 

   O que eu posso dizer desse livro é que amei. Amei todos os contos; e ele tem um lugar especial na minha estante. Recomendo muito. 

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Distância de Resgate

Foto do Livro.


Autora: Samanta Schweblin.
Tradução: Ivone Benedetti.
Editora: Record.
Ano: 2016.

" 'Fico pensando se poderia acontecer comigo o que aconteceu com Carla. Sempre penso no pior. Agora mesmo estou calculando quanto demoraria para sair correndo do carro e chegar até Nina, se ela corresse de repente para a piscina e se atirasse. A isso dou o nome de 'distância de resgate', que é como chamo a distância variável que me separa de minha filha, e passo a metade do dia fazendo esse cálculo, embora sempre arrisque mais do que deveria.'
   Samanta Schweblin escreveu uma narrativa extraordinária e hipnótica, urgente e duradoura, que consegue nos manter inevitavelmente presos e mergulhados num universo ficcional perturbador."
   Resumo no Livro.

O que eu achei do Livro:

   Sabe aqueles livros que só de ver a capa já queremos ler? Esse foi um dos casos, amei a capa chamativa com as cores: vermelho e azul. E por que tinha vermes desenhados na capa? Havia uma relação com a história? Essas perguntas ficaram martelando na minha cabeça até que eu finalmente cedi e comprei o livro. E gente, me surpreendi e muito. Não só amei a história e a forma como a autora decidiu nos relatar os fatos mantendo o suspense e o mistério até o final, como também esse livro entrou para um dos meus favoritos do ano. Amei muito e sofri junto com a personagem principal também. 

   Uma das coisas que podem fazer as pessoas desistirem da leitura é que a história começa de uma maneira bem esquisita e sem fazer sentido nenhum. Isso porque a narrativa mistura passado/presente/futuro de uma forma que eu nunca vi igual. Ficamos nos perguntando: Ela está deitada, sentindo o tecido do lençol sem conseguir se levantar, conversando com um menino sobre "vermes" ou está ali vendo a vizinha tomar sol e depois chorar compulsivamente no carro dela? Onde essa mulher realmente está? Onde é a ação? Isso é o mistério da narrativa. Não sabemos qual das verdadeiras situações é o presente e está acontecendo e o que já ocorreu e ela só está lembrando. E o mais importante: quem é o menino com o qual ela está conversando? Por que a mãe do menino sente repulsa pelo filho? Nossa narradora quer saber a história por trás dessa rejeição a criança, assim como sabe que tem que manter a filha Nina sempre por perto. Para o caso de precisar salvá-la de algo. Distância de Resgate é o nome dessa "preparação para o socorro imediato"; é uma forma de criação que a família da protagonista passa de geração para geração. Ela sente que algo ruim vai acontecer, mas não sabe como. E não entende porque acha que essa "sensação" ruim que sente está ligada a vizinha Carla e seu filho estranho David. Não entende porque seu corpo está preparado para salvar sua filha Nina. Mas até o final da história ela entenderá e a gente também. Então se preparem para um final destruidor, mesmo. 

   Distância de Resgate é uma história maravilhosa, curtinha, com uma boa fonte para a leitura. Não dá pra eu falar muito sobre a história, porque cada pista é única. Mas acredito que vocês vão gostar tanto quanto eu. Recomendo muito. 


terça-feira, 18 de julho de 2017

Providence Vol. 1

Fotos da HQ.


Roteiro: Alan Moore.
Arte: Jacen Burrows.
Editora: Panini Brasil.
Ano: 2017. 

" Alan Moore reescreve o mundo horripilante de Lovecraft!
   Nova York, 1919. Robert Black é um repórter que há pouco tempo encontrou seu próprio lugar no mundo. O súbito suicídio de uma pessoa querida o conduz por uma estrada misteriosa, na descoberta do lado sombrio dos Estados Unidos. É uma estrada sinuosa, labiríntica. É a estrada para Providence.
  Pela primeira vez no Brasil, o primeiro tomo da obra-prima de Alan Moore e Jacen Burrows. 
  Este volume de 176 páginas contém Providence 1 a 4."
  Resumo da HQ.



O que achei da HQ:

   A primeira coisa que sempre digo aos meus amigos quando estão em duvida se compram ou não algum quadrinho com roteiro do Alan Moore, é: Comprem, porque esse cara é foda. 
   Alan Moore consegue fazer uma narrativa que faça sentido e que soe plausível; esse repórter Robert Black quer viver dos seus livros, mas ele realmente nunca tentou fazer acontecer. Quando ocorre de ter um espaço livre no jornal em que ele trabalha, Black e seus colegas começam a discutir sobre que matéria poderia tapar esse buraco. Ao falar sobre esse assunto, surge um bem inusitado sobre um livro que mata a pessoa que ler. Não o objeto livro, mas algo presente nele faz com que algo ocorra a pessoa que mergulhou naquela história. A moça que trabalha com ele lembra do livro "O Rei de Amarelo" de Robert Chambers, que por sua vez os leva a falar sobre o livro " Sous Le Monde", que levou a morte muitas pessoas que o leram. Para saber mais sobre esse livro, o repórter vai tentar encontrar um médico que uma vez escreveu um artigo sobre essa "maldição". E é desse jeito que as coisas estranhas e sobrenaturais começam a acontecer. 

   O mais legal da HQ é a sensação de que realmente estamos lendo um conto do H.P. Lovecraft. Dá vontade de reler os contos depois de cada parte do quadrinho. E todas as histórias são bem construídas, sem contar nos personagens. É um quadrinho que vai abordar muitas coisas, como a sexualidade de cada um, em como os gays viviam num "mundo a parte" naquela época, vai citar alguns escritores famosos, sem contar em todas as referências e críticas contidas nessa trama toda. A única coisa que me cansou um pouco foi o diário, e isso pode ser pela fonte usada na parte do diário do protagonista. Era a parte que eu mais queria que passasse rápido para eu poder continuar a embarcar naquele universo único. Recomendo muito. 

Paper Girls Vol.1

Fotos da HQ.


Escritor: Brian K. Vaughan.
Artista: Cliff Chiang.
Cores: Matt Wilson.
Letras: Jared K. Fletcher.
Tradução: Kleber Ricardo de Sousa.
Editora: Devir.
Ano: 2016.

" Das mãos de Brian K. Vaughan, escritor de SAGA, HQ campeã de vendas do New York Times, e Cliff Chiang, lendário artista da MULHER-MARAVILHA, chega o primeiro volume de uma nova e intrigante aventura.
   Na madrugada depois do Dia das Bruxas de 1988, quatro entregadoras de jornal de 12 anos descobrem a história mais importante de todos os tempos.
   Drama suburbano e mistérios sobrenaturais colidem nesta série sobre nostalgia, primeiros empregos e os últimos dias da infância."
   Resumo na HQ.



O que eu achei da HQ:

    Acho que desde que eu vi essa HQ o que mais me chamou a atenção nela foi as cores da capa, deixando as quatro protagonistas destacadas em azul e o fundo meio rosa-amarelo. Vi muitas pessoas recomendando e outras falando muito mal, também. E confesso que ler quadrinhos nunca foi minha preferência, não que eu não goste, mas como eu tenho problema de atenção às vezes fica difícil de acompanhar os quadros. As cores acabam me distraindo mais do que realmente importa, que é a história que querem me contar. O que neste primeiro volume é bem maluco.

   Começamos a história já dentro de  um sonho bem doido e diabólico que a jovem Erin, de 12 anos, está tendo. Um sonho que faz todo o sentido conforme a trama da HQ se desenlaça. Ao acordar de madrugada e preparar os rolos de jornais, que é seu trabalho, Erin saí para fazer as entregas. O que ela não contava é com os meninos metidos a valentes, ainda fantasiados com roupas de Halloween e que resolveram provocá-la. Quando as coisas iam começar a desandar, mais três entregadoras de jornais chegam e a salvam dos idiotas. Elas são: Mac, a rebelde do grupo, Tiff, com uma inteligência bem aguçada e KJ, na minha opinião a mais legal e que tem um porrete. São quatro garotas bem diferentes entre si, mas que ficam juntas para fazer as entregas e para proteger umas as outras. Poderia tudo ter corrido bem depois disso, se uns caras, parecendo fantasiados de ninjas não roubassem e agredissem a Tiff para pegar o walkie-talkie dela. Juntas, as garotas resolvem pegar de volta o que foi roubado, mesmo que tenham que caçar os infelizes pela cidade inteira.

   Eu gostei de ter lido esse quadrinho, amei a parte de "viagens no tempo" e universos paralelos, sem contar que são um grupo de meninas que se ajudam. Amei as cores, mas já tinha falado disso. Não sei se vou continuar lendo as próximas histórias, mas qualquer coisa se as ler, posto aqui. 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Os melhores contos fantásticos

Foto do Livro.


Organizador: Flávio Moreira da Costa.
Colaboração: Celina Portocarrero.
Editora: Nova Fronteira.
Ano: 2006.


O que eu achei do livro:

   Bom, já vou começar contando que gostei muito mais desses contos escolhidos pelo Flávio Moreira da Costa, do que aqueles outros que eu li no livro "Contos de Horror do Século XIX". E valendo ressaltar que essa é a minha opinião, outras pessoas podem não concordar comigo sobre isso. Gostei de todos os contos? Não, mas gostei bem mais da metade. Foram poucos os que não me agradaram, ou me deixaram com aquela sensação de "ok". É um livro que eu recomendo pra todo mundo que gosta de boas histórias e que gosta de ler aos pouquinhos. Isso para economizar leitura boa.   

   Os contos são divididos em quatro partes: 01. Da Antiguidade ao Puritanismo; 02. O apogeu do século XIX; 03.Atravessando o século XX; 04. O fantástico em bom português. Sem contar a introdução e o bônus. Vou citar abaixo alguns contos que eu mais gostei.

   Já começamos o livro com a história bíblica do Apocalipse, então temos anjos, o cordeiro, aniquilações, as bestas na terra, e outras coisas bem sinistras. 

   Um dos contos que eu mais gostei nessa primeira parte foi: "O jovem Goodman Brown" de Nathaniel Hawthorne. É um conto em que a religião está bem presente, principalmente na vida do jovem rapaz Goodman Brown e sua esposa. Tudo estava caminhando como Deus manda na vida desse jovem casal, até que algo estranho envolvendo pessoas "santas" é revelado para ele numa noite fatídica. Aquelas pessoas tementes a Deus seriam na verdade servos do Demônio? Ou o que ele estava vendo era fruto da sua imaginação?

    Um dos melhores contos que eu já li na vida está nesse livro também. "O Homem da Areia" de E.T.A. Hoffmann. Essa foi a terceira vez que releio essa história, e ainda continuo achando-a fantástica. Primeiro que começa com um horror vivido na infância e que volta a assombrar a fase adulta, e segundo porque eu acho uma história muito bem escrita.

   Um conto que eu não dava nada, mas que gostei bastante foi: "A Vênus de Ille" de Prosper Mérimée. As coisas começam a dar terrivelmente errado quando um "ídolo" é encontrado numa escavação. Quem teria esculpido aquela Vênus, linda, mas com uma feição cruel? E por que a população acha que ela traz mau agouro?

   O achado dessa vez foi: "O ladrão de Cadáveres" de Robert Louis Stevenson. Não pela história em si, porque eu não achei nada demais nela. Mas por uma frase sensacional que está incluída  num encarte de uma série que eu gosto. E que é sensacional.

   "A Cafeteira" de Théophile Gautier é bem curiosa. E isso porque a assombração dessa vez saí diretamente dos quadros de um dos quartos da casa. E "A Morta Apaixonada" que conta a história de um sacerdote que caí de amores tresloucados por uma cortesã, e que começa a sentir-se dividido em dois homens diferentes. 

   O mais original na minha opinião é: "Deuses no Exílio" de Heinrich Heine. Esse conto fala sobre o que aconteceu com os deuses gregos quando o Cristianismo abrangeu mais da metade da população com o seu Deus único, deixando todos os outros deuses na escuridão do esquecimento. O que eles fariam agora sem a adoração dos povos? Sem oferendas e templos. O que seria dessas divindades? 
   Sério, um dos melhores contos do livro.

   No conto: "Um sonho" de Ivan Turgueniev, sonho e realidade se mesclam quando um rapaz descobre a verdadeira identidade do seu pai e passa a persegui-lo.

   "Final para um conto fantástico" de I. A. Ireland é bem curtinho, mas realmente parece um final perfeito para uma história que você mesmo pode criar.

   Um conto que me lembrou muito o Poe, foi: "Vera" de Villiers de L´Isle Adam. É uma tragédia de amor, só que escrita de um jeito que parece poesia. Cada frase parece perfeita, como se o autor tivesse pensado muito nela antes de escrever.

   Agora um conto simples, mas sinistro foi: "Sredni Vashtar" de Saki. Quando uma criança solitária e triste resolve tornar um simples animalzinho em um "Deus", coisas estranhas podem acontecer.
  
   "A Insolação" de Horacio Quiroga, vai nos relatar como a morte aparece para os cachorros. Como eles recebem o aviso de que o dono está em perigo. Sensacional.

   "Carta a uma Senhorita em Paris" de Julio Cortázar, vai nos relatar o que sofre um homem que vomita "coelhinhos". Isso mesmo, você não leu errado. Ele vomita coelhinhos, e o pior é quando em pouco tempo ele vomita mais de dez desses bichinhos. 

   Também há casos de homens que nascem com o espírito de mulheres e mulheres que nascem com o espírito de homens no conto: "As academias de Sião" de Machado de Assis. 

   No conto: "Demônios" de Aluísio Azevedo, algo estranho acontece com o mundo quando um jovem rapaz dorme. Pessoas morrem, a escuridão torna-se infinita e o tempo parece preso no tempo.

   É claro que há muitos contos de autores consagrados presentes nessa coletânea. Mas como a maioria eu já havia lido, resolvi só falar dos pouco conhecidos por esses lados. 

segunda-feira, 26 de junho de 2017

A Assombração da Casa da Colina

Foto do Livro.


Autora: Shirley Jackson.
Tradução: Edna Jansen de Mello.
Editora: Francisco Alves.
Ano: 1959.

" 'Nenhum ser vivo consegue viver durante muito tempo sob condições de realidade absoluta, sem perder a sanidade' -são as primeiras palavras de A Assombração da Casa da Colina, cujo parágrafo inicial é reconhecidamente um dos mais belos começos de romance da moderna ficção norte-americana. Mas não só o começo; todo o livro é marcado por essa extraordinária qualidade literária que Shirley Jackson soube imprimir à sua obra. Foi este romance, e os contos magistrais de A Loteria (o conto-título é uma das mais terríveis histórias jamais escritas), que projetaram o nome da escritora, colocando-a na galeria dos mestres inesquecíveis do gênero, dentro da tradição de Hawthorne, Poe, Bierce e Lovecraft.
   A Assombração da Casa da Colina foge aos padrões das histórias convencionais de fantasmas e velhas mansões. O medo é instilado em gotas, o horror é construído lentamente, numa atmosfera de sobrenatural que Shirley Jackson vai tomando cada vez mais densa, até o desfecho.
   A própria Casa da Colina é um mistério. As pessoas que a alugavam, atraídas por sua imponência e a beleza do lugar, abandonavam-na poucos dias depois, recusando-se a dar as razões da fuga precipitada. Para o povo da região, era simplesmente uma casa assombrada, com histórias apavorantes. Fora construída há oitenta anos e sentia-se, a Casa da Colina, sólida o bastante para durar mais oitenta, longe da realidade absoluta.
   Até o dia em que quatro pessoas se alojam na velha mansão, dispostas a enfrentar todos os riscos a fim de descobrir a verdade. Se existe assombração, que ela se manifeste. A resposta não tarda."
   Resumo no Livro.

O que eu achei do livro:

   Quando achei esse livro na Biblioteca, já peguei emprestado na hora. Nunca tinha lido nada dessa autora, mas já havia escutado comentários bem elogiosos sobre a obra dela. A editora Suma de Letras vai lançar um livro da Shirley ainda esse ano e eu não vejo a hora de lê-lo. É claro que há coisas que eu amei e coisas que eu achei bem entediante nesse livro, vou relatá-las para vocês.

   A maneira como a Shirley escrevia é maravilhosa, a leitura flui muito fácil, as descrições das paisagens são bem feitas e os personagens únicos. E uma coisa que eu não esperava, mas que me foi agradável, foi a forma descontraída com  que a autora criou os diálogos entre os personagens. Chega a ser hilário no começo, torna-se um pouco entendiante durante o correr da narrativa, porque alguns diálogos quebram o foco sobrenatural que é o tema central da história. 

   Nessa Casa da Colina, abandonada há oitenta anos por motivos que ninguém quer falar, vai acontecer uma "pesquisa" sobre a aura sobrenatural que ronda a mansão. Quatro pessoas vão permanecer por três meses nesse lugar e fazer anotações sobre tudo o que ver, sentir ou vier a fazer sob a influência maligna do lugar. Eles são: o Dr. Montague, Eleanor Vance, Theodora e Luke Sanderson. Quatro pessoas muito diferentes, mas que de início formam um bom grupo. Tirando o casal de caseiros, que são muito mau humorados e que nunca permanecem na casa depois que escurece. De todas essas pessoas, a mais sensível e posso dizer, a personagem principal dessa história é a Eleanor Vance, uma mulher de seus 30 e poucos anos, desesperada para achar um lugar "seu" no mundo, já que a irmã e o cunhado fazem questão de desmerecê-la e de certa forma humilhá-la. 

    Eleanor é como se fosse um canal da casa para o grupo de pessoas. Desde o começo percebemos que o que existe na casa quer ela. É como se precisasse dela de alguma forma. Por sua inocência, por sua bondade ou por qualquer outra coisa. É claro que ela também é aquela personagem que de tão necessitada de amor e carinho acada se apegando muito e fortemente a outras pessoas. E quando esse carinho não é correspondido, acaba se isolando ainda mais do mundo e se prendendo ao que quer que viva na casa. 

   Eu amei o começo e o final do livro, o jeito como o sobrenatural vai acontecendo aos poucos e a forma como ele corrompe a mente confusa da Eleanor é sensacional. Mas eu não gostei do meio da história, tem muitos diálogos cheio de humor sarcástico desnecessários, e não há uma explicação sobre o porque da Casa ser tão hostil. Isso me irritou um pouco, mas de todo, eu gostei sim muito de ter lido. O final valeu cada momento de cansaço que a leitura me causou.

   Há um filme que eu assisti há alguns anos, chamado "The Haunting", que de certa forma é uma adaptação desse livro. É claro que tudo fica mais visual e há algumas cenas de horror que eu achei bem cômico. Ainda prefiro o livro. 


sábado, 24 de junho de 2017

O Terror

Foto do Livro.


Autor: Arthur Machen.
Tradução e posfácio: José Antonio Arantes.
Editora: Iluminuras.
Ano: 2002.

" No ensaio O Horror sobrenatural na literatura, H.P. Lovecraft dedica ao escritor galês Arthur Machen várias páginas de devotado fervor, assinalando que sua obra abriu novos caminhos para o gênero fantástico: 'Dos criadores vivos do terror cósmico elevado ao seu mais alto expoente artístico, dificilmente poderá citar-se alguém que se iguale ao versátil Machen, autor de cerca de uma dúzia de composições longas e curtas em que os elementos de horror oculto e medo avassalador atingem uma substância e um realismo incomparáveis. (...) Os textos que produziu nos anos 90 e princípios dos 1900 não têm igual em seu gênero e marcam uma nova época da história dessa forma literária.
   Com uma impressionável herança ligada a vívidas lembranças juvenis de colinas agrestes, florestas seculares e míticas ruínas de Gwent, Machen desenvolveu uma vida criativa de rara beleza, intensidade e inspiração histórica. Absorveu o mistério medieval de bosques sombrios e velhos costumes, e é em tudo um campeão da Idade Média - na fé católica inclusive. Da mesma forma cedeu ao encanto da vida britano-romana que em certa época floresceu na sua região nativa; e vê uma estranha magia nas vilas fortificadas, nos pisos de mosaico, fragmentos de estátuas e outras coisas que falam do tempo em que o classicismo reinava e o latim era a língua do país.
   Mas o encanto de seus textos está na narração. É impossível descrever o crescente suspense e o supremo horror que estão em cada parágrafo, sem seguir a sequência exata em que Machen vai, aos poucos, desvendando os seus indícios e revelações. (...) Com suas palavras e ambientações, Machen constrói atmosferas de eletrizante tensão.' "
  Resumo no Livro.

O que eu achei do livro:

   Essa foi minha primeira experiência lendo uma obra do Machen, principalmente porque aqui no Brasil é difícil achar qualquer livro desse autor. E agora que li esse livro que contém uma "novela" que dá nome ao título e um apanhado de textos que compõem a segunda parte: "Ornamentos em Jade" posso dizer que entendo o porquê do H.P. Lovecraft ter gostado tanto da escrita do Machen. Esse autor conseguiu me envolver nas histórias de uma forma maravilhosa,  principalmente pelo jeito "meio celta" de descrever as paisagens e de colocar mistérios horríveis em pequenos lugarejos. Não parece ficção, parece um relato que aconteceria com qualquer pessoa que vivesse ali e soubesse de rituais mais antigos que a própria terra. 

    Mas a melhor parte do livro e a que eu mais gostei foi da primeira parte, chamada "O Terror". Temos um narrador que está nos contando sobre fatos estranhos que estão acontecendo em várias partes do mundo, e isso no período da guerra, onde as pessoas achavam que qualquer coisa ruim ou plano diabólico que estivesse em ação seria obra dos alemães para ocupar a terra e vencer a resistência. Muitas mortes bizarras ocorrem com várias pessoas num lugarejo, sendo que boa parte dessa morte deixava as pessoas irreconhecíveis, pois esmagavam as cabeças; e se elas despencavam de um precipício a população achava que elas tinham cometido suicídio. Por que elas fariam isso? Ninguém sabe, mas é melhor do que se for algo que ninguém pode ver, mas que causa destruição por onde passar. E isso é apenas o começo: o medo, a loucura, os boatos e as mortes inexplicáveis começam a levar a população local a histeria.

   Gente, é muito bom esse livro, recomendo muito. Vou procurar agora pra comprar "O Grande Deus Pã". 

   P.S.: Uma das coisas que eu mais gostei desse livro é que no posfácio há um resumão sobre o autor e sua obra. Leiam.