sábado, 29 de julho de 2017

As coisas que perdemos no fogo

Foto do Livro.


Autora: Mariana Enriquez.
Tradução: José Geraldo Couto.
Editora: Intrínseca.
Ano: 2017.

" Em um primeiro olhar, as histórias de Mariana Enriquez parecem absurdas, ambientadas em um mundo surreal. Mas não é preciso avançar muito na leitura para que esse mundo se torne quase palpável. O que as histórias revelam é a transformação do cotidiano em pesadelo. Personagens e lugares aparentemente corriqueiros ocultam experiências insólitas: mulheres violentadas que ateiam fogo em si mesmas, jovens entendiadas ou dominadas pela raiva e pela angústia, uma criança assassina, pactos sombrios, casas abandonadas, magia negra, superstições, sumiços, paixões, decepções. Em um universo de pessoas comuns e outras socialmente invisíveis, a existência de todos sucumbe ao peso da culpa, da compaixão, da crueldade e da simples convivência. 
   Uma das escritoras mais corajosas e surpreendentes da atualidade, Mariana Enriquez dá voz à geração nascida durante a ditadura militar na Argentina. Os contos reunidos neste livro se aventuram na fronteira entre o inacreditável e o verossímil para revelar o horror oculto no dia a dia. Uma obra que causa estranheza, mas onde também se reconhece algo familiar; textos primorosos que subvertem o mundo que estamos acostumados a ver."
   Resumo no Livro.

O que achei do Livro:

   Amei a capa desse livro e o que eu fiz? Comprei, algo nele me chamava a atenção, e depois que eu o li, posso afirmar com certeza de que minha intuição sobre ele estava certa. Chega de contos previsíveis. O sobrenatural está tão intrincado em cada um dos contos, que a autora não precisa nos explicar porque algo está acontecendo, entendemos, mesmo que ela termine a narrativa sem nos dar respostas para tudo. E isso é incrível. Chega de histórias que trazem explicações sobre tudo, até porque não tem como uma pessoa saber tudo sobre tudo. Algo acontece naqueles contos, algo que a gente não prevê e muita vezes não entendem, mas que nos toca de alguma forma. O sobrenatural na trama parece algo tão rotineiro que a gente só pensa: "Sim, eu entendo. Sei como é." 

   Mariana Enriquez nos brinda com grandes histórias, com personagens únicos e humanos, com defeitos e qualidades. Há críticas tão sutis que quase não notamos e há aquelas jogadas na nossa cara como uma forma de protesto. E acima de tudo, há muitas protagonistas mulheres nos contos, diferentes entre si, mas que têm um vínculo. 

   Um dos contos que eu mais gostei foi "O menino sujo", que nos mostra não só como a maldade humana está por todo o lugar, como também acontece a violência escancarada contra as pessoas marginalizadas. Sem tirar o teor macabro presente nele. 

  No conto: " A Casa de Adele", filmes de terror, membros amputados e uma casa considerada amaldiçoada envolvem a vida de três crianças-adolescentes, não sei como classificá-los. Conto sensacional.

   Agora tem um conto que na minha opinião, me lembrou muito H.P. Lovecraft, chamado: "Sob a água negra", pessoas pobres e deformadas que vivem numa "vila" estranha, policiais que se corrompem, um padre enlouquecido e algo que dorme e vive nas águas sujas de um rio. (Sério, depois me digam se não lembram os contos dele.) Mas é claro que escrito de uma forma magistral pela Mariana. 

   O que eu posso dizer desse livro é que amei. Amei todos os contos; e ele tem um lugar especial na minha estante. Recomendo muito. 

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