quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O Último Adeus + Setembro Amarelo

Fotos do Livro.


Autora: Cynthia Hand.
Editora: Darkside Books.
Ano: 2016.

" 'Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio' - Tyler

O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz. O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante.

O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes."
   Resumo do Livro.



O que achei do Livro:

   Acima de qualquer coisa, eu achei muito tocante. Daquelas obras que a gente lê e dá um aperto no coração, lágrima aos olhos e um sentimento amargo na garganta. Se quando uma amizade se rompe e cada um vai por um determinado caminho, sentimos um amargor na alma, uma saudade de conversas perdidas, conforto no silêncio e abraços sinceros, imagina se não decidimos deixar uma pessoa ir livremente. Imagine se algo nos é tirado sem nenhum aviso prévio. Imagine a dor, a confusão, a saudade violenta e um desespero em entender o porquê. É exatamente isso o que vai acontecer em "O Último Adeus". 



   É claro que o fato de parecer que estamos lendo um diário é desconfortável. Não parece certo. Que direitos afinal temos em descobrir o que uma pessoa não quer compartilhar livremente? Parece errado. Ficamos curiosos sobre essa garota chamada Lex, uma garota que está com algum tipo de problema e que está em terapia por causa disso. Percebemos como ela se sente desconfortável em escrever um "diário" para aliviar as emoções que estava prendendo. E assim descobrimos que existe um buraco dentro dela e esse buraco é Ty. Seu irmão mais novo. Ty cometera suicídio na garagem de casa. Lex queria entender o porque dele ter tomado essa decisão tão drástica. Por que ele fizera isso se ela e a mãe o amava tanto? Por que não dissera que algo estava errado? Essas perguntas permeiam a mente dela. Não a deixam nunca. A dor da culpa formava um nó na sua garganta e isso a estava destruindo. 

   Alexis, Lex para os amigos, tinha uma vida normal e relativamente feliz. Era excepcional em matemática, tinha duas melhores amigas sensacionais, um namorado nerd lindo e que a compreendia em tudo, uma mãe fantástica e um irmão sem igual. O maior trauma da vida dela fora a separação entre seus pais. Seu pai simplesmente resolvera sair de casa e começar uma vida nova com uma mulher mais nova. Não se importava com o que acontecia com ela, nem com seu irmão, uma pessoa que sentia essa separação de um jeito muito forte. De repente, numa determinada noite, toda aquela vida boa desmorona em sua cabeça ao saber do suicídio de Tyler. Saíra de casa de manhã para ir à escola e o deixará lá, normal e sereno como sempre, e a noite recebia a notícia da morte. Era como se fossem duas pessoas totalmente diferentes. A que deixara em casa ao sair e a que encontrou ao voltar. 

   E agora estava ali, se tratando e escrevendo em um diário, porque estava oca por dentro. Não sentia dor, nem raiva, não chorava, mas às vezes parecia que um buraco abria-se dentro dela e ameaçava engoli-la. Já não tinha mais amigos, sua nota em matemática caíra e seu namoro terminou. Voltava pra uma casa praticamente vazia, com uma mãe chorosa que bebia e um pai totalmente ausente. E aliado a isso tudo a sensação de que Ty ainda estava na casa. Que queria alguma coisa e que ela precisava fazer tudo o que podia para que ele ficasse em paz. 

   O que mais me chocou nessa história foi a descrição da vida do Tyler; do garoto jogador de basquete e popular na escola, que estava apaixonado e amava muito a mãe e a irmã, para uma pessoa arrasada, que sentia demais e que não conseguiu lidar com isso. Acredite em mim, não faltarão momentos de você sentir necessidade de parar o livro e deixar toda aquela emoção lhe invadir. É uma história triste, profunda e cheia de amor. A única parte em que não senti a menor empatia foi em saber que ela era um gênio em matemática. Porque sinceramente eu sou uma negação. 



Vamos falar sobre o Setembro Amarelo?

   Esse mês temos uma Campanha de Conscientização sobre a Prevenção do Suicídio, que é uma forma de alertar as pessoas do mundo inteiro sobre a importância de entender a depressão como uma doença. A importância de saber conviver e aprender formas de ajudar essas pessoas. Nem que seja as escutando. Temos um péssimo hábito de achar que Depressão é frescura, que uma pessoa comete suicídio porque é fraca e porque não teve compaixão pela sua família. O que é engraçado já que empatia é uma estrada de mão dupla nesse contexto. A família pode se colocar no lugar desse parente e ele pode fazer o mesmo, mas visando a família. Por que sentimos essa necessidade de acusar um outro ser humano de acordo com as nossas necessidades? Por que não consideramos a tristeza excessiva como uma doença, mas como frescura? É um tabu e as pessoas não gostam de debater sobre isso.

   Quando pensamos em depressão, imaginamos uma pessoa silenciosa, que não se arruma, que não quer fazer nada e que não quer sair dessa situação. Nunca imaginamos uma pessoa popular, que aparenta felicidade e que tem um poder de discussão impressionante. E sabe o por que desse nosso pensamento? Porque nos limitamos a aparência. Jamais passa por nossas cabeças que aquela pessoa sorridente na foto esteja fingindo sorrir, fingindo encaixar-se na sociedade, fingindo ser "normal". Temos pavor da dor. E por isso fingimos não ver todos os sinais que estavam estampados na nossa cara, seja com um parente, com um amigo ou um conhecido. Perdemos a chance de apenas sentar e escutar o que essa pessoa tem a dizer. A dor do outro sempre parece menor do que a nossa. Sempre parece sem importância. O que temos que começar a fazer é a sentir empatia. Pensar: "Posso tentar me imaginar no lugar dele e tentar entender o porque desse comportamento." Sem julgamentos. Podemos ajudar apenas entendendo o outro lado, dando a chance de que essa pessoa diga o que a incomoda, o que a faz chorar e sofrer em silêncio. Podemos dizer: "Você pode me contar qualquer coisa, prometo ouvir. Eu estou aqui e ficarei aqui quando você precisar." 

   O pouco que podemos fazer, às vezes, pode ser muito para o outro. Pesquisem sobre essa causa. Pensem com carinho sobre isso. 

3 comentários:

  1. Aninha, sempre que leio os seus textos, sou contagiada pelas suas emoções e admiro muito a sua incrível capacidade de se expressar por palavras.
    Parabenizo-a pelo seu maravilhoso talento.
    Me identifiquei muito este texto, creio que devemos aprender a quebrar tabus e começarmos a conversar sobre depressão.
    Vivemos em uma sociedade que valoriza o ter e não o ser, precisamos entender os outros, respeitar os seus sentimentos e ajudar sempre quando necessário.
    Desejo que continue a ser esta sensacional escritora e que conquiste muito sucesso. :D

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  2. Ah, fico muito feliz em saber que a mensagem que eu queria passar teve sucesso. E concordo com o que vc disse tmb. ^~

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